Neste dia 19 de junho, Francisco Buarque de Hollanda – internacionalmente conhecido como Chico Buarque – completa 80 anos de idade, colecionando livros e canções icônicas de nossa história. Um legado que vem influenciando gerações, mesmo décadas depois do início de sua carreira. Inegavelmente, Chico é tão atual que o carimbo octogenário até assusta.
Nascido no Rio, filho do grande historiador Sergio Buarque de Hollanda, o menino Francisco cresceu em ambiente onde se dava muita importância à cultura, rodeado de intelectuais. Cosmopolita desde infante, viajou – e também morou – em grandes metrópoles mundo afora, tendo como um dos seus passatempos prediletos ficar de espreita nas conversas do pai com os amigos. E foi assim que, em Roma, ainda em tenra idade, conheceu Vinicius de Moraes, o “amigo do papai que tocava violão”. E, desse encontro, o menino Francisco começou a se tornar essa lenda Chico Buarque.
Exímio letrista, Chico é um dos compositores mais respeitados do mundo. Sua capacidade de entrelaçar música e letra o distingue, tornando-lhe único neste gênero. Dono de uma voz peculiar, interpreta de forma única suas canções sempre navegando pelos temas que envolvem suas maiores paixões: amor, política e futebol.
Ao lado do artista, caminha o cidadão consciente politicamente e que, em muitas ocasiões de nossa História, exerceu destacado protagonismo. Nos tempos da Ditadura Militar, classificados por Chico como “página infeliz da nossa História”, suas canções fizeram o povo brasileiro refletir e insurgir-se contra o “Cálice”, em analogia ao “cale-se” promovido pela censura pública. Com a esperança de que “amanhã vai ser outro dia”, a juventude brasileira lutou como pôde, sempre embalada por músicas como “Vai Passar” e outras. No movimento chamado “Diretas Já”, Chico Buarque estava nos palanques, ao lado de grandes personalidades, reivindicando eleições direitas para Presidente da República.
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Há poucos anos, quando a Democracia esteve em perigo no Brasil, lá esteve esse grande artista, nas trincheiras culturais, sempre em defesa do povo brasileiro. Suas apresentações – geralmente intimistas – tem sucesso de bilheteria e esgotamento dos bilhetes em minutos após a disponibilização. Mas, com o advento da Internet, antigas e atuais gerações podem contemplar os maiores sucessos e os sempre representativos momentos da carreira deste grande artista que hoje completa 80 anos. Se eu pudesse, solicitaria que a iluminação do Cristo Redentor fosse toda verde na noite de hoje, em homenagem aos famosos olhos deste artista brasileiro. Além de uma versão brasileira daquela belíssima reverência que Nova Iorque fez a Frank Sinatra, iluminando de azul (em alegoria aos olhos do intérprete) os últimos andares do Empire State Building, teríamos uma benção de vida longa ao nosso grande Chico Buarque, um artista genuinamente brasileiro. Mas o que posso é, como fã e, com muito carinho, encerrar com um efusivo “Feliz Aniversário!” Vida longa (ainda mais), ao nosso Chico.