Brasil acinzentado

Fumaça das queimadas atinge diversas cidades brasileiras

'Rio atmosférico de fumaça' tem transportado partículas de queimadas para outras partes do país

Foto: Reprodução / Rede Social X / AerosolWatch
Foto: Reprodução / Rede Social X / AerosolWatch

O céu de diversas cidades brasileiras tem sido impactado por uma camada de fumaça proveniente das queimadas no Amazonas e no Pantanal, conforme revelam imagens de satélite e medições meteorológicas (veja abaixo). A fumaça tem alcançado desde Porto Alegre, no sul do Brasil, até Manaus, no norte.

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De acordo com a meteorologista Estael Sias, da MetSul, o fenômeno conhecido como “rio atmosférico de fumaça” está transportando partículas de fumaça de queimadas nas regiões Norte e Centro-Oeste para outras partes do país.

“Este ano, a escassez de chuva favoreceu as queimadas e, sem umidade, a fumaça se espalha facilmente com o vento”, explica Sias. O fenômeno, similar aos “rios voadores” que transportam umidade, leva a fumaça a regiões distantes, causando a poluição atmosférica observada.


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Foto: Reprodução / Pinterest

Em Manaus, a situação é crítica. No último dia 13 de agosto, a FioCruz Amazônia recomendou o uso de máscaras com sistema de filtragem especial devido ao aumento da poluição. Segundo o epidemiologista Jesem Orellana, a preocupação este ano é que a poluição possa se prolongar além do habitual, o que “traria consequências muito piores e estenderia o sofrimento da população”.

Porto Velho, em Rondônia, também tem registrado uma das piores qualidades do ar do país, com o aeroporto local chegando a ser fechado devido à baixa visibilidade. Já no Rio Grande do Sul, a fumaça tem deixado o céu acinzentado e o sol com tons avermelhados e alaranjados.

A situação em Porto Alegre, apesar de menos grave do que em Manaus e Porto Velho, ainda é perceptível, com a cidade enfrentando um céu nublado e um pôr do sol alterado pela refração da luz solar através das partículas de fumaça.

“A fumaça transportada pelos ventos se dispersa ao longo do caminho, resultando em uma visibilidade menos afetada do que nas regiões mais próximas às queimadas”, destaca Estael Sias.

Qualidade do ar

Como resultado, o Brasil alcançou a liderança no ranking de países com a pior qualidade do ar, conforme indicado pela plataforma Air Quality Index, que avalia o Índice de Qualidade do Ar globalmente.

Cidades como Itaquaquecetuba (SP), Ponta Grossa (PR), Corumbá (MS), São Paulo, Humaitá (AM) e Curitiba contribuíram para a baixa pontuação do país, registrada durante o dia. Esses locais enfrentaram condições de ar “insalubres”, “muito insalubres” ou “perigosas”, com altos níveis de partículas finas, como as PM2.5 e PM10.

Essas partículas, provenientes de poeira, fuligem, atividades agrícolas, incêndios florestais e queima de biomassa, têm agravado a qualidade do ar. Além disso, a reação dessas substâncias com poluentes adicionais, como aqueles gerados pela queima de combustíveis fósseis, intensificou os problemas respiratórios nessas áreas.

Pequeno alívio

Para aliviar a situação, espera-se que uma frente fria avance a partir do Sul do Brasil entre quinta (22) e sexta-feira (23), trazendo chuvas e temporais que devem ajudar a limpar a atmosfera.

Uma massa de ar polar também deve chegar ao Sudeste e Centro-Oeste, com a previsão de queda de temperatura. No entanto, a camada densa de fumaça pode persistir nas regiões Norte, Mato Grosso e Bolívia até que as condições climáticas mudem.

Sol alaranjado e superlua

Foto: Reprodução / Instagram / Leonardo Sens

Cidades afetadas pela fumaça têm observado um pôr do sol com tonalidades mais alaranjadas e avermelhadas.

Segundo Estael, “esse fenômeno ocorre devido à refração da luz solar ao interagir com pequenas partículas invisíveis na atmosfera, como a fuligem da fumaça e poluentes acumulados pela falta de chuva e vento”.

Esse efeito também foi notado no tom da lua, que apresentou uma coloração mais alaranjada na última segunda-feira (19), durante o fenômeno conhecido como “superlua zul.