A 23ª edição do Prêmio Grande Otelo, realizada na quarta-feira (28), na Cidade das Artes Bibi Ferreira, no Rio, foi marcada por críticas ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Marcelo Calero, secretário de Cultura do Rio de Janeiro, afirmou que “o audiovisual, em um passado recente, foi deixado à margem” e mencionou o “desmonte de políticas públicas” voltadas ao setor. Calero também ressaltou a importância da nova lei de cota de tela, que, segundo ele, “promove maior visibilidade para produções nacionais”.
A premiação, organizada pela Academia Brasileira de Cinema, consagrou “Pedágio”, dirigido por Carolina Markowicz, como o Melhor Longa-Metragem de Ficção. O filme também venceu nas categorias de Melhor Direção e Melhor Roteiro Original.
Ailton Graça foi premiado como Melhor Ator por sua atuação em “Mussum, o Filmis”, e Vera Holtz foi eleita Melhor Atriz por seu papel em “Tia Virgínia”. Arlete Salles, que também faz parte do elenco de “Tia Virgínia”, ganhou o troféu de Melhor Atriz Coadjuvante, enquanto Jorge Paz levou o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante por “O Sequestro do Voo 375”.
Além do reconhecimento a “Pedágio”, o filme “O Sequestro do Voo 375”, dirigido por Marcus Baldini, recebeu seis prêmios, sendo a produção mais vitoriosa da edição.
Os apresentadores Toni Garrido e Dira Paes fizeram uma menção ao cineasta Nelson Pereira dos Santos, destacando seu impacto no cinema brasileiro com filmes como “Rio, 40 Graus” e “Vidas Secas”.
A cerimônia, que incluiu 30 categorias, apresentou duas novas premiações: Melhor Atriz e Melhor Ator de Série de Ficção. O evento começou com uma apresentação da trilha sonora de “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, de Glauber Rocha, com a presença de Othon Bastos, que interpretou o cangaceiro Corisco no filme, recebendo aplausos ao subir ao palco.
Outro momento importante da noite foi a entrega do prêmio honorário aos cineastas Cacá Diegues, Zelito Viana, Lucy Barreto, Ruy Guerra e Walter Lima Jr., por suas contribuições ao cinema brasileiro.
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Antonio Pitanga foi o responsável por entregar a honraria, ressaltando o papel dos homenageados no Cinema Novo. Walter Lima Jr., ao receber o prêmio, declarou: “Nós, fazendo cinema novo, fazemos parte de uma linha evolutiva do cinema brasileiro, que traz desejo de luta, de querer ser”.
A cerimônia também homenageou o Cinema Novo, movimento que redefiniu o cinema no Brasil entre as décadas de 1950 e 1960, com a exibição de um clipe com imagens de Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos e outros nomes do período.
Confira a lista dos vencedores
- Longa-Metragem Ficção – “Pedágio”, de Carolina Markowicz
- Direção – Carolina Markowicz, por “Pedágio”
- Atriz de Longa-Metragem – Vera Holtz, em “Tia Virgínia”
- Ator de Longa-Metragem – Ailton Graça, por “Mussum, o Filmis”
- Atriz Coadjuvante de Longa-Metragem – Arlete Salles, por “Tia Virgínia”
- Ator Coadjuvante de Longa-Metragem – Jorge Paz, por “O Sequestro do Voo 375”
- Roteiro Original – Carolina Markowicz, por “Pedágio”
- Roteiro Adaptado – Lusa Silvestre e Mikael de Albuquerque, por “O Sequestro do Voo 375”
- Trilha Sonora – Dado Villa-Lobos, por “Aumenta que é Rock’n’Roll”
- Figurino – Cassio Brasil, por “Mussum, o Filmis”
- Maquiagem – Mari Pin e Martín Macías Trujillo, por “Mussum, o Filmis”
- Direção de Arte – Rafael Ronconi, por “O Sequestro do Voo 375”
- Som – Sérgio Scliar, Miriam Biderman e Ricardo Reis, por “O Sequestro do Voo 375”
- Efeito Visual – Marcelo Cunha e Joaquim Moreno, por “O Sequestro do Voo 375”
- Direção de Fotografia – Adrian Teijido, por “O Rio do Desejo”
- Curta-Metragem Documentário – “THUË PIHI KUUWI – Uma Mulher Pensando”, direção Aida Harika Yanomami, Edmar Tokorino Yanomami e Roseane Yariana Yanomami
- Montagem – Licas Gonzaga e Gustavo Vasconcelos, por “O Sequestro do Voo 375”
- Série Brasileira de Documentário, de produção Independente, Para TV Aberta, TV
- Paga ou Streaming – “O Caso Escola Base”
- Longa-Metragem Documentário – “Elis & Tom, Só Tinha de Ser Com Você”, de Roberto de Oliveira e Jom Tob Azulay
- Curta-Metragem Animação – “Mulher Vestida de Sol”, direção Patrícia Moreira
- Série Brasileira de Animação, de produção Independente, Para TV Aberta, TV Paga ou Streaming – “Esquadrão do Mar azul”
- Longa-Metragem Animação – “Perlimps”, de Alê Abreu
- Longa-Metragem Comédia – “Pérola”, de Murilo Benício
- Série Brasileira de Ficção, de produção Independente, Para TV Aberta, TV Paga ou Streaming – “Cangaço Novo”
- Longa-Metragem Infantil – “Turma da Mônica Jovem – Reflexo do Medo”, de Mauricio Eça
- Primeira Direção de Longa-Metragem – Silvio Guindane, por “Mussum, o Filmis”
- Longa-Metragem Ibero-Americano – La Sociedad de la Nieve (Espanha, Uruguai, Argentina e Chile) / Ficção
- Atriz Série de Ficção para TV Aberta, TV paga ou Streaming – Alice Carvalho, como Dinorah em “Cangaço Novo”
- Ator Série de Ficção para TV Aberta, TV paga ou Streaming – Julio Andrade, como Betinho por Betinho, em “No Fio da Navalha”
- Curta-Metragem Ficção – “A Menina e o Mar”, direção Gabriel Mellin