O longa-metragem “Malês”, dirigido por Antônio Pitanga, teve seu pré-lançamento nesta quinta-feira (10) na 26ª edição do Festival do Rio, realizado no Cine Odeon, no centro do Rio. A estreia oficial está marcada para o primeiro trimestre de 2025.
A produção dramatiza a Revolta dos Malês, o maior levante de escravizados da história do Brasil, ocorrido em Salvador, em 1835, liderado por africanos muçulmanos contra a opressão escravista.
Antônio Pitanga interpreta Pacífico Licutan, um dos líderes da insurreição. Em entrevista ao Diário Carioca, o ator e diretor ressaltou a importância de revisitar a história do país por meio do cinema.
“O Brasil não costuma iluminar sua própria história, dá as costas para ela. Malês é a prova viva de um dos mais importantes levantes que aconteceram nesse país e que é pouco falado e pouco conhecido”, declarou Pitanga.
“Malês é para dar luz e tirar o Brasil da sala, mostrar o Brasil na praça, para que as pessoas tenham o conhecimento do que foi essa revolta”
Antônio Pitanga, ator e diretor
Além de interpretar um papel central no filme, Pitanga comentou sobre sua experiência em dirigir e atuar ao mesmo tempo, lembrando de seu primeiro trabalho como diretor em Na Boca do Mundo (1978).
“No primeiro filme, também foi assim, em homenagem ao nascimento de Camila, e não é diferente em Malês. Poder ter conhecimento da história e, ao mesmo tempo, manusear as ferramentas que me fizeram o ator que sou hoje, é uma realização”, disse ao site.
Pitanga também falou sobre o privilégio de trabalhar com os filhos, Rocco e Camila Pitanga, que também fazem parte do elenco.
“Melhor coisa do mundo é poder trabalhar com os filhos, que já têm no sangue e no conhecimento da história por terem crescido nos bastidores. Malês é essa vontade de contar uma história de dentro para fora, para que o Brasil e o mundo a conheçam”, contou emocionado.
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Camila Pitanga, que interpreta Sabina no filme, compartilhou como foi ser dirigida pelo próprio pai.
“No último dia de filmagem, estava fazendo a última cena da Sabina, no seu fracasso, e meu pai falava baixinho no meu ouvido. Ele me conduziu e isso ficou no filme com uma mistura de dor e poesia”, relatou a atriz ao DC.
“É o lado mágico de ser guiada por esse diretor, que também era um menino de 80 anos conduzindo uma equipe com toda sua paixão pela vida”, completou.
A atriz também destacou a relevância do filme para a representatividade negra no Brasil. “Estamos finalmente recontando essa história do ponto de vista preto, que ilumina o que queremos construir como um Brasil antirracista. O que aprendemos nas escolas é a visão do colonizador. Agora, temos a oportunidade de reescrever isso no campo das artes”, finalizou.
Entre os convidados do lançamento estava o ator e diretor Lázaro Ramos, que também comentou sobre a importância histórica de Malês.
“Pitanga está tentando fazer esse filme há 18 anos, e ele conta uma parte da história do Brasil que ainda é pouco conhecida, mas que é fundamental para nos reconhecermos como sociedade”, disse Ramos.
“Esse filme celebra heróis que ainda não foram devidamente lembrados, heróis baianos e africanos que buscaram a liberdade, mas que foram massacrados”, afirmou.
Produção de Malês
Malês é uma produção de Flávio R. Tambellini, da Tambellini Filmes, em coprodução com a Globo Filmes, Obá Cacauê Produções, Gangazumba Produções e RioFilme. O longa recebeu patrocínio da Petrobras, através do programa Petrobras Cultural, e foi filmado em locações como Salvador, Cachoeira, na Bahia, e Maricá, no Rio de Janeiro.
O elenco reúne grandes nomes, além de Rocco e Camila Pitanga, como Wilson Rabelo (Bacurau), Bukassa Kabengele, Samira Carvalho, Rodrigo de Odé, Heraldo de Deus e Patrícia Pillar, que interpreta a personagem Mamãe A.
O roteiro foi escrito por Manuela Dias, e a direção de fotografia é assinada por Pedro Farkas, conhecido por seu trabalho em importantes produções do cinema brasileiro.
Assista ao trailer
O filme retrata as difíceis condições de vida dos negros na Bahia do século XIX, abordando temas como racismo, pobreza e intolerância religiosa. Essas questões são exploradas através de personagens reais e fictícios, que refletem os dramas e a resistência daqueles que lutaram pela liberdade durante a Revolta dos Malês.