Quincy Jones, lenda da música americana, morre aos 91 anos

Produtor morreu em sua casa em Bel Air, em Los Angeles

André Luiz
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O lendário produtor e arranjador musical Quincy Jones morreu neste domingo (3), aos 91 anos, em sua residência em Bel Air, Los Angeles. Segundo o assessor Arnold Robinson, Jones faleceu cercado pela família, deixando um legado de profunda influência na indústria musical.

“Com corações cheios, mas partidos, devemos compartilhar a notícia do falecimento de nosso pai e irmão Quincy Jones”, declarou a família em comunicado oficial. “E, embora esta seja uma perda incrível para nossa família, celebramos a grande vida que ele viveu e sabemos que nunca haverá outro como ele”.

Jones foi responsável por produzir álbuns icônicos da carreira de Michael Jackson, como Off the Wall (1979), Thriller (1983) e Bad (1987). Thriller, em especial, teve um impacto sem precedentes, com vendas que ultrapassaram os 20 milhões de cópias apenas no ano de seu lançamento, permanecendo como um dos discos mais vendidos da história.

Assista ao clipe Thriller

Entre suas colaborações para o álbum, destaca-se a ideia de incluir o ator Vincent Price na faixa-título e o solo de Eddie Van Halen em “Beat It”, elementos que ajudaram a definir o sucesso do disco.

Em entrevista à Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos em 2016, Jones explicou seu papel como produtor e a responsabilidade que o acompanha: “Se um álbum não vai bem, todos dizem ‘foi culpa do produtor’. Então, se vai bem, deve ser sua ‘culpa’ também”, afirmou ele. “As faixas não aparecem de repente. O produtor tem que ter habilidade, experiência e capacidade para guiar a visão até a conclusão”.


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Além de sua colaboração com Jackson, Quincy Jones foi o “mestre orquestrador” da famosa gravação “We Are The World”, produzida em 1985 como parte de uma iniciativa para arrecadar fundos para combater a fome na África. A faixa reuniu estrelas da música como Lionel Richie, Bob Dylan, Billy Joel, Stevie Wonder, Cindy Lauper e Bruce Springsteen. Richie, coautor da música ao lado de Jackson, exaltou o talento de Jones ao descrever o projeto.

Assista ao clipe We are The World

Quincy Jones também trabalhou com nomes como Aretha Franklin, Ray Charles e Frank Sinatra, além de participar de turnês com músicos de jazz como Count Basie e Billie Holiday. Sua influência se estendeu à televisão, sendo ele o autor da trilha de abertura da série Um Maluco no Pedaço.

Natural de Chicago, Jones teve suas primeiras memórias musicais nas canções religiosas entoadas por sua mãe, Sarah Frances, antes de ela ser internada devido à esquizofrenia, quando ele tinha sete anos.

Em entrevistas, Jones relembrou o impacto da doença da mãe em sua vida, afirmando que a música se tornou um refúgio e uma forma de expressão. Ele relatou também seu envolvimento com gangues na juventude, até encontrar no piano, na casa de um vizinho, uma nova direção. Ainda jovem, tornou-se amigo do músico Ray Charles, com quem manteve uma parceria duradoura.

Quincy Jones, lenda da música americana, morre aos 91 anos | Diário Carioca
Quincy Jones ganhou 28 Grammys, dois Oscars e um Emmy durante toda sua carreira – Foto: Reprodução / Rede Social X

Nos anos 1960, já com uma carreira consolidada, Jones assumiu o cargo de vice-presidente da Mercury Records, uma das principais gravadoras da época. Em 1971, fez história ao se tornar o primeiro diretor musical negro da cerimônia do Oscar, reafirmando seu pioneirismo na indústria.

Em sua autobiografia, Jones resumiu o papel da música em sua vida: “A música era a única coisa que eu podia controlar. Era o único mundo que me oferecia liberdade. Eu não tinha que procurar por respostas. As respostas estavam ali, entre o sino da minha trombeta e minhas partituras riscadas a lápis. A música me fez completo, forte, popular, autoconfiante e legal”.

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