O Hospital Municipal Evandro Freire e o Hospital da Mulher Mariska Ribeiro, ambos da rede pública municipal do Rio de Janeiro, estão implementando iniciativas sustentáveis que visam não apenas reduzir custos, mas também contribuir com o meio ambiente e aumentar a eficiência operacional.
Essas iniciativas refletem uma tendência global na área da saúde: a busca por operações mais sustentáveis e autossuficientes, que garantem qualidade no atendimento e, ao mesmo tempo, respeitam o meio ambiente. Com soluções criativas, as unidades estão conseguindo unir inovação, economia e sustentabilidade.
Produção interna de oxigênio no Evandro Freire: eficiência e autonomia
O Hospital Municipal Evandro Freire, referência na Ilha do Governador, deu um passo importante rumo à autossuficiência ao instalar uma usina própria de oxigênio e ar comprimido. Esse sistema permite que o hospital produza internamente o oxigênio necessário para atender pacientes, eliminando a dependência de fornecedores externos e garantindo um fornecimento contínuo.
“A usina extrai o oxigênio do ambiente, eliminando impurezas e umidade, e entrega um produto com pureza superior a 93%, ideal para uso médico”, explica Vinicius Kling da Fonseca, coordenador de Manutenção da unidade.
O modelo antigo, baseado na entrega de oxigênio líquido por caminhões, tinha custo alto e sujeito a riscos logísticos, como atrasos e interrupções no abastecimento. Agora, com o processo automatizado, o hospital garante um fornecimento ininterrupto e seguro.
Além dos benefícios operacionais, a iniciativa também gera impacto positivo no meio ambiente. A eliminação do transporte de oxigênio líquido reduz significativamente as emissões de gases poluentes.
“Deixamos de emitir cerca de 0,23 toneladas de CO₂ por mês, segundo cálculos baseados no GHG Protocol. Isso reforça nosso compromisso com a sustentabilidade e a saúde ambiental”, ressalta Vinicius.
Outro aspecto relevante é a previsibilidade dos custos. Enquanto no modelo anterior o custo variava conforme o consumo, a usina própria traz um valor fixo mensal, facilitando o planejamento financeiro e evitando surpresas orçamentárias.
Controle de enxoval no Mariska Ribeiro: redução de evasão e economia
Na zona oeste da cidade, o Hospital da Mulher Mariska Ribeiro desenvolveu uma abordagem inovadora para combater a evasão de enxoval hospitalar, um problema comum nas unidades de saúde. Desde o início de 2023, o hospital implementou um plano de ação que combina tecnologia e gestão rigorosa para reduzir perdas.
O projeto inclui o uso de tecnologia RFID (Radio Frequency Identification), que em português significa “identificação por radiofrequência”, para rastreamento das peças, protocolos de retirada e devolução de itens privativos, e a instalação de totens para monitoramento da distribuição de colchetes.
Fernanda Paz, gerente Administrativa e responsável pela área de Hotelaria da unidade, destaca o impacto positivo das medidas: “Identificamos que a evasão, que chegava a 7,3% ao mês, caiu para 2,6%. Isso representa uma economia de cerca de R$ 16,5 mil por mês”.
O sucesso do projeto está diretamente ligado ao envolvimento das equipes. “No início, houve resistência, combatida após investimentos em treinamentos e conscientização. Hoje, as equipes entendem a importância do controle e do uso adequado dos itens”, explica Fernanda.
Os desafios, no entanto, continuam. “Estamos buscando estratégias para envolver também os pacientes e acompanhantes nesse processo, considerando a alta rotatividade e o grau de adesão às orientações.”
Compromisso com o futuro
As iniciativas desenvolvidas pelas duas unidades são exemplos claros de como a gestão responsável dos recursos públicos pode gerar benefícios econômicos e ambientais. Tanto o Hospital Municipal Evandro Freire como o Hospital da Mulher Mariska Ribeiro pretendem continuar investindo em práticas sustentáveis, buscando novas oportunidades de aprimoramento.
“O compromisso com a sustentabilidade vai além da economia. Trata-se de uma mudança cultural e de uma gestão mais consciente dos recursos, sempre pensando no bem-estar dos pacientes e na preservação do meio ambiente”, finaliza Fernanda.
Com projetos como esses, os hospitais públicos do Rio de Janeiro reforçam seu papel como instituições de saúde e agentes de transformação social e ambiental.
