São Paulo – A Prefeitura de São Paulo construiu um muro de 40 metros na Cracolândia, no Centro, com o objetivo de reorganizar o espaço e melhorar o atendimento a usuários de drogas. No entanto, a iniciativa enfrentou críticas de ativistas, que apontam violações de direitos humanos. A administração municipal afirma que a ação contribui para a segurança e facilita o trabalho das equipes no local.
Estrutura do muro e finalidade O muro, com 2,5 metros de altura, foi erguido na Rua General Couto Magalhães, complementado por gradis que delimitam um triângulo na região. Segundo a prefeitura, a medida também visa organizar o fluxo de pessoas e garantir um ambiente mais seguro. Contudo, o coletivo Craco Resiste critica a estrutura, classificando-a como uma forma de isolar os usuários.
Impactos na região central A média de usuários no local caiu 73,14% entre 2023 e 2024, segundo dados municipais. Pela manhã, o número passou de 511 para 144, enquanto à noite caiu de 467 para 149. Apesar da redução no fluxo visível, o diretor do hub de cuidados, Quirino Cordeiro, destaca que o atendimento a dependentes químicos no centro da cidade segue alto.
Críticas e restrições Roberta Costa, do Craco Resiste, apontou que o muro limita a circulação e dificulta a prestação de assistência. “O muro foi construído para esconder essas pessoas e impedir que movimentos sociais atuem no local”, afirmou. Segundo ela, há episódios de repressão, incluindo o uso de spray de pimenta contra os usuários.
Contratos e custos da obra A construção do muro foi realizada pela empresa Kagimasua Construções Ltda., vencedora de licitação com base em menor preço. A obra custou mais de R$ 38 mil, incluindo materiais como argamassa e concreto, além da remoção de entulhos e a demolição de um tapume antigo. Especialistas questionam se os recursos públicos foram utilizados da melhor forma.
Histórico e contexto da Cracolândia Problemas relacionados à Cracolândia persistem há décadas. Em 2023, o governador Tarcísio de Freitas propôs transferir o fluxo para o Bom Retiro, mas recuou após protestos. A prefeitura concentrou o atendimento na Rua dos Protestantes, sob monitoramento do programa Dronepol, e relatou mais de 18 mil encaminhamentos em 2024.
Entenda o caso: muro na Cracolândia
- Finalidade da obra: Delimitar a área e facilitar atendimentos.
- Impactos observados: Redução do número de usuários no local.
- Críticas: Violação de direitos e isolamento de dependentes.
- Custo: R$ 38 mil com execução via licitação.
- Histórico: Medidas similares enfrentam questionamentos e protestos.
