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Memória

75 anos do Maracanaço

É indiscutível: a seleção brasileira encontra-se em um dos seus momentos mais em baixa com a torcida. Apesar da contratação do laureado Carlo Ancelotti, tão ansiado após uma longa novela por sua contratação, o torcedor parece cansado de depositar suas esperanças nos pés canarinhos quando os times do coração fazem individualmente muito mais história. Que o diga a Copa do Mundo de Clubes da FIFA que terminou no último domingo, 13. Enquanto os comentaristas brasileiros colocavam pouca fé na participação brasileira, os times foram lá, passaram por cima de grandes campeões europeus e chegaram à semifinal. Campanhas históricas de todos, digam o que quiserem. 

Em 2025, porém, o 7 a 1 já completou 10 anos, a glória já vai distante, é compreensível a pouca esperança. Coisa muito diferente de 75 anos atrás. A campanha da Copa de 50 era tão fabulosa, construída majoritariamente com placares tão largos, que os quase 200 mil torcedores que compareceram ao Maracanã chegaram com a certeza do título brasileiro, prontos para ver um mero jogo protocolar antes de ver erguida a taça. O que presenciaram, no entanto, foi o mais amargo evento futebolístico (até então). Escritores daquela época deixaram suas impressões. Nelson Rodrigues chamou de “Nossa Hiroshima”, Betty Milan, “maior velório da face da Terra” e, anos depois, Paulo Perdigão lançou “Anatomia de uma queda” para analisar minuciosamente o acontecido. O livro inspirou um curta-metragem, Barbosa (1988).

Enquanto, em 2014, apontaram culpados, no plural, em 1950, a culpa recaiu quase unicamente no goleiro ídolo do Vasco, Moacir Barbosa. O gol que deu a vitória para o Uruguai passou no canto, no estreito espaço entre as mãos do goleiro e a trave. Barbosa foi na bola, mas não a alcançou. O resultado foi um intenso julgamento pela destruição de um sonho… e de infâncias. No curta, um personagem vivido por Antônio Fagundes constrói uma máquina do tempo para voltar a 16 de julho de 1950 e tentar impedir essa fatalidade que marcou profundamente sua vida.

O curta não se estende em explicações sobre o quão marcante foi aquela desilusão para a infância do homem. Há uma sugestão de que a relação com o pai tenha estremecido, ficado seca, afinal, os últimos abraços que lembra de serem dados foram aqueles que antecederam a derrota. E isso é o sabemos. Sequer há um plano claro. É preciso evitar a derrota e… só? Viajar no tempo, mudar a história, porém, não é tão simples assim. Algumas coisas simplesmente insistem em serem destruídas.

Barbosa (1988) foi dirigido por Jorge Furtado e tem trechos significativos da entrevista de Moacir Barbosa sobre aquele dia e a recepção do seu erro por torcedores. O curta funciona como uma verdadeira amostra da importância que a seleção tem (ou teve?) para o brasileiro e que, depois de um Mundial de Clubes tão competitivo, pensa-se em como voltar a ter.

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Jaqueline Ribeiro
Jaqueline Ribeirohttps://www.diariocarioca.com/
Jaqueline Ribeiro é bacharela em Comunicação/Jornalismo pela UEMG-Frutal, interessada por tudo o que conta histórias, escreve sobre livros, filmes e discos

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