terça-feira, setembro 23, 2025
22 C
Rio de Janeiro
InícioPolíticaBrasil recusa novo embaixador de Israel

Brasil recusa novo embaixador de Israel

Brasília, 17 de julho de 2025 — O governo brasileiro recusou o nome indicado por Israel para assumir a embaixada em Brasília, deixando a representação israelense sem chefe diplomático após a saída de Daniel Zonshine. A decisão agrava o isolamento do governo de Benjamin Netanyahu no cenário internacional.

Um silêncio que fala alto

O silêncio do Itamaraty diz tudo. O governo Lula não concedeu o agrément para o nome de Gali Dagan, indicado por Tel Aviv ainda em janeiro. O embaixador Daniel Zonshine, que encerra seu mandato neste mês, fará as malas sem ver o sucessor assumir o posto. Na prática, a embaixada de Israel em Brasília passará a funcionar acéfala — um vácuo diplomático que não é acidental, mas deliberado.

Uma crise cuidadosamente cultivada

Desde que Lula voltou ao Planalto, a relação com Israel deixou de operar sob o automatismo ideológico que marcou gestões anteriores. A aliança incondicional com governos militaristas cedeu lugar à crítica aberta. E essa crítica não foi tímida. Só entre 2023 e 2025, o Brasil emitiu 64 notas oficiais de condenação ao governo Netanyahu — contra apenas 10 manifestações neutras ou favoráveis. O ponto de inflexão veio quando o Brasil apoiou ações contra Israel na Corte Internacional de Haia, desafiando diretamente a narrativa oficial israelense sobre os ataques em Gaza e no sul do Líbano.

Evangélicos e ressentimentos

Na despedida de Zonshine, a cena foi ilustrativa: um café da manhã com parlamentares da Frente Evangélica e lideranças religiosas. Um retrato da bolha de apoio que o embaixador cultivou — conservadora, beligerante, ideologicamente alinhada ao trumpismo. Zonshine lamentou o distanciamento político, mas apelou ao clichê diplomático de que “os laços entre os povos seguem firmes”. Frase vazia. O embaixador sai, e o Brasil não quer o próximo.

Netanyahu isolado, Trump reeleito

Enquanto isso, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, já acuado internamente por denúncias de corrupção e pela escalada militar no Oriente Médio, se agarra ao retorno de Donald Trump como último bastião de legitimidade. Mas até mesmo com Trump de volta à Casa Branca, a América Latina segue em rota própria. A recusa brasileira ao novo embaixador é mais que uma formalidade: é uma mensagem geopolítica.

Diplomacia com bússola própria

A recusa do agrément é um gesto de soberania. Num cenário em que Israel continua a atacar populações civis e desrespeitar o direito internacional, fingir normalidade diplomática seria conivência. O Brasil, sob Lula, escolhe não ser cúmplice. E se Netanyahu esperava que o alinhamento automático da era Bolsonaro voltasse com Trump no poder, errou de continente.

Perguntas e Respostas

Por que o Brasil rejeitou o novo embaixador de Israel?
Por decisão política. O governo Lula não concedeu o agrément como forma de expressar rejeição às ações de Israel no Oriente Médio.

O que é o agrément diplomático?
É a autorização oficial dada por um país para aceitar o nome indicado como novo embaixador estrangeiro em seu território.

Israel ficará sem representação no Brasil?
A embaixada seguirá funcionando, mas sem chefe oficial — uma condição que sinaliza ruptura nas relações de alto nível.

Qual o impacto da postura brasileira nas relações com os EUA?
Mesmo com Trump de volta à Casa Branca, o Brasil reafirma autonomia diplomática, recusando subordinação a eixos militaristas.

A crise é apenas ideológica?
Não. É também jurídica e humanitária: o Brasil tem denunciado Israel por violações de direitos humanos na Corte Internacional.

Parimatch Cassino online
Redacao
Redacaohttps://www.diariocarioca.com
Equipe de jornalistas do Jornal DC - Diário Carioca

Relacionadas

Trump elogia Lula na ONU e fala em “química excelente”

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira (23) ter se encontrado rapidamente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a abertura da Assembleia...

Conselho de Ética pode pautar cassação de Eduardo Bolsonaro nesta terça

Deputado é acusado de atuar contra instituições brasileiras a partir dos EUA e já responde a denúncia da PGR

Hugo Motta veta Eduardo Bolsonaro como líder e deputado pode ser cassado

Presidente da Câmara rejeita indicação para liderança da minoria; filho de Bolsonaro acumula faltas e risco de perda de mandato

Alexandre de Moraes critica sanções dos EUA contra esposa: “Ilegal e lamentável”

Ministro do STF afirma que medida viola a soberania do Brasil e a independência do Judiciário

PGR denuncia Eduardo Bolsonaro por coação contra STF no caso das sanções dos EUA

Denúncia inclui uso de conexões nos EUA, ameaças a ministros e prejuízos econômicos ao Brasil

Mais Notícias

Assuntos:

Mais Notícias