A bolsonarista Célia Soares de Brito foi presa em flagrante ao se passar por autoridades do sistema de Justiça, entre elas juíza, promotora e até chefe da Interpol.

A prisão ocorreu na última quarta-feira (20), após abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na BR-304, em Mossoró (RN).
Da “juíza militar” à “guardiã da democracia”
Célia, que já se apresentou como candidata a vereadora no Ceará, usava credenciais adulteradas para assumir identidades de diferentes cargos. Entre as funções que dizia ocupar estavam desembargadora, advogada, promotora, juíza militar e chefe da Interpol. Em alguns documentos, afirmava ainda ser “guardiã da democracia mundial”.

A farsa foi descoberta quando a suspeita viajava de aplicativo com a mãe e a filha. Ela contou ao motorista que assumiria cargo na prefeitura de Mossoró, mas entrou em contradição ao apresentar diferentes versões sobre sua identidade.
PRF encontra documentos falsos
A PRF desconfiou do grande volume de bagagens e fez a abordagem no posto da BR-304. Entre os documentos apreendidos estavam uma carteira da OAB sem chip e com dados incorretos, além de um suposto certificado de posse em cargo público. A inscrição da OAB pertencia a um advogado regularmente registrado no Paraná.
O celular da acusada foi recolhido para perícia. A mãe e a filha foram liberadas após depoimento.
Prisão em flagrante e liberdade provisória
Conduzida à Delegacia da Polícia Civil de Mossoró, Célia foi autuada por uso de documento falso. Na audiência de custódia, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN) concedeu liberdade provisória mediante fiança de dois salários mínimos.
Entre as medidas cautelares impostas estão: comparecimento obrigatório a todos os atos do processo, proibição de mudar de endereço sem autorização judicial e comunicação prévia de ausência superior a oito dias de sua residência em São Paulo.
Investigações seguem
A Polícia Civil investiga se a acusada já utilizou as credenciais forjadas em outras situações. O caso expõe como setores do bolsonarismo radicalizado têm se valido de fraudes e farsas institucionais para tentar legitimar discursos de autoridade e atacar a democracia.
O episódio em Mossoró revela não apenas a ousadia de uma fraude grotesca, mas também a vulnerabilidade diante da proliferação de farsas políticas. Ao se apresentar como “guardiã da democracia”, Célia expôs a contradição central do bolsonarismo: falar em democracia enquanto recorre a mentiras, falsificações e usurpação de autoridade.

