A primeira sessão da CPMI do INSS foi marcada por uma afronta direta à liberdade de imprensa.
O senador bolsonarista Carlos Viana (Podemos-MG), presidente do colegiado, abriu os trabalhos impondo restrições aos jornalistas, ameaçando suspender credenciais de veículos que publiquem imagens de parlamentares ou documentos da comissão — em clara tentativa de censura prévia.
Ordem de censura em plena abertura
Logo na abertura da sessão, Viana fez um alerta em tom intimidatório:
“Toda e qualquer informação particular dos parlamentares, seja em celular, computadores ou relatórios, está preservada por sigilo de lei”, declarou, mirando a imprensa.
E foi além:
“Os veículos de comunicação que publicarem informações particulares […] terão a sua credencial suspensa”.
A fala, travestida de “proteção”, carrega o peso da censura e afronta o artigo 220 da Constituição Federal, que veda qualquer restrição à atividade jornalística.
Prática repetida da extrema direita
As restrições ecoam medidas já vistas na CPMI do 8 de Janeiro, quando o então presidente, deputado Arthur Maia (União-BA), proibiu jornalistas de captar imagens de documentos internos. A manobra foi denunciada por entidades de imprensa como ataque à transparência parlamentar.
Na ocasião, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF) e a Fenaj classificaram as proibições como “censura à imprensa” e alertaram que cabe ao jornalismo, e não aos políticos, definir o que deve ser reportado à sociedade.
O ataque à transparência
A conduta de Carlos Viana evidencia a linha autoritária que persiste no bolsonarismo dentro do Congresso: silenciar, intimidar e descredibilizar a imprensa. Em vez de garantir publicidade aos atos de investigação, o senador tenta blindar colegas de exposição pública, transformando a CPMI em palco de autocensura institucionalizada.
O discurso bolsonarista segue o mesmo roteiro: gritar “liberdade” enquanto pisoteia os direitos constitucionais que sustentam a democracia.
Liberdade de imprensa em risco
Organizações jornalísticas reiteram que a proteção da intimidade parlamentar não pode servir de pretexto para esconder informações de interesse público. A essência de uma Comissão Parlamentar de Inquérito é a fiscalização e o controle social. A tentativa de calar jornalistas equivale a subverter esse propósito.
Ao tentar criminalizar a cobertura jornalística, Carlos Viana abre precedente perigoso: transformar o Congresso em espaço de vigilância contra a própria imprensa — o que afronta diretamente a Constituição e atenta contra o direito à informação da sociedade.