Atualizado: 29/11/2025 às 17:30
Quando as palavras se apagam, a arte pode ser o fio que reconecta tempos, memórias e afetos esquecidos. É esse o ponto de partida da exposição Todas as Histórias se Perdem – Palavras do Passado, da artista visual Mary Dutra, que será inaugurada na Ilha Fiscal, no dia 30 de outubro de 2025, no Rio de Janeiro, com curadoria de Fernanda Deminicis. A mostra apresenta um diálogo poético e documental entre Mary e seu bisavô, C. Paula Barros (1894–1955), reunindo obras inéditas que atravessam quatro gerações de sua família de artistas brasileiros de Belém e do Rio de Janeiro.
Com um acervo centenário e memórias de familiares, Mary propõe uma releitura do passado à luz de sua própria trajetória, criando novas obras a partir dos escritos do bisavô, redigidos em um português original da década de 1920. A exposição reúne painéis, livros publicados entre 1928 e 1951, documentos históricos, videoartes, poemas e audioinstalações. “Nascemos em 1894 e 1984 respectivamente. Se o destino nos trocou os números, posso propor um embaralho de suas palavras”, afirma Mary.
Para ela, o projeto é também uma forma de resgatar memórias e histórias que, embora importantes em seu tempo, deixaram de ser contadas ao longo das gerações. Ao lançar um olhar contemporâneo sobre a trajetória do bisavô, Mary propõe não apenas preservar, mas reconhecer o que foi esquecido. “Percebi que, ao revisitar a história dele, também estava fazendo uma releitura da minha própria história. Dar novas formas às palavras que ele deixou é uma maneira de trazer à tona tudo o que o tempo tentou apagar”, afirma a artista.

O poeta C. Paula Barros foi uma figura destacada da cena intelectual brasileira da primeira metade do século XX, com obras que transitam entre literatura, música e jornalismo. Grande parceiro de Villa-Lobos, escreveu letras como “O Canto do Pagé”, além das versões brasileiras das óperas “O Guaraní”e “O Escravo”, de Carlos Gomes, encenadas no Theatro Municipal do Rio de Janeiro em 1935. Paraense de nascimento, foi professor de História das Artes no Instituto Nacional de Belas Artes, presidiu a Associação dos Artistas Brasileiros e foi membro da Academia Paraense de Letras. Escreveu 12 livros, além de colaborar com veículos como Jornal do Brasile Correio da Manhã.
Instalada na Ilha Fiscal – um espaço de memória histórica e potência arquitetônica no coração da Baía de Guanabara -, a exposição valoriza não apenas o legado da família, mas também o patrimônio cultural brasileiro. A mostra também convida o público a refletir sobre a transmissão das memórias e a construir pontes entre passado, presente e futuro. “Meu desejo é que cada visitante, ao conhecer a história da minha família, saia com vontade de descobrir a sua própria história”, conclui a artista.
Todas as Histórias se Perdem – Palavras do Passado é apresentada por Alko do Brasil, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, e com o apoio cultural da Marinha do Brasil, da Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha, Departamento Cultural do Abrigo do Marinheiro, da Zetalab e da C.Lux Iluminação.
Para estimular a visita de famílias com crianças, a mostra conta com uma atividade infantil fixa, com desenhos para colorir e livros, permitindo que os pequenos se entretenham enquanto os adultos percorrem a exposição com mais calma.
Serviço
Exposição: Todas as Histórias se Perdem – Palavras do Passado
Artistas: Mary Dutra e C. Paula Barros
Curadoria: Fernanda Deminicis
Local: Ilha Fiscal – acesso via escuna ou micro-ônibus
Período: 30 de outubro de 2025 a 01 de fevereiro de 2026
Visitação: De quinta a domingo
Acesso Ilha Fiscal: Para acesso e visita à Ilha Fiscal é preciso adquirir ingresso. Todas as visitas são guiadas.
Ingressos: Podem ser obtidos pelo site https://www.marinha.mil.br/dphdm/ilha-fiscal ou diretamente no Espaço Cultural da Marinha, que fica na Orla Conde (Boulevard Olímpico), s/n, Praça XV, Centro, Rio de Janeiro
Valores: R$ 60 (inteira) | R$ 30 (meia)
Horários regulares de saída para a Ilha Fiscal: 12h45, 14h15 e 15h30
Patrocínio: Alko do Brasil, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura
Apoio Cultural: Marinha do Brasil, Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha, Departamento Cultural do Abrigo do Marinheiro, Zetalab e C.Lux Iluminação.
Parcerias: Orquestra Indígena/Fundação Ueze Zahran e Arte Tapajônica
Parceiro de mídia: Histórias de Cego
Realização: Abstrato Azul

