Aproximadamente 3,7 milhões de brasileiras foram vítimas de alguma forma de violência doméstica ou familiar em 2025. O dado, apesar de representar uma diminuição no percentual de vítimas em relação a 2023 (caindo de 7% para 4%), é um forte alerta sobre a persistência da violência de gênero no país. O levantamento, conduzido pelo Instituto de Pesquisa DataSenado, marcou os 20 anos do órgão, entrevistando mais de 21 mil mulheres entre maio e julho deste ano.
O resultado mais preocupante da pesquisa é o impacto da violência sobre os mais vulneráveis. 71% das vítimas de agressão no último ano afirmaram que havia crianças presentes durante o ato, sendo muitas delas filhos e filhas das vítimas. O coordenador do DataSenado, Marcos Ruben de Oliveira, ressaltou que esse índice mostra como o ciclo de violência afeta muito além da mulher agredida.
🔄 Recorrência, Convivência e Descrença na Punição
A violência tende a ser um evento recorrente: cerca de 6 em cada 10 mulheres relatam que as agressões ocorrem há menos de seis meses, enquanto 21% convivem com os episódios há mais de um ano.
O estudo também revela a difícil situação das vítimas em relação ao agressor:
- Convivência: 17% das vítimas de agressão mais grave provocada por homem ainda convivem com o agressor no momento da entrevista.
- Idade da Agressão: A maior parte das entrevistadas (38%) disse ter sido agredida pela primeira vez até os 19 anos.
Embora em 40% dos casos nenhuma testemunha tenha oferecido ajuda, o principal motivo para as vítimas não buscarem ajuda formal é a preocupação com os filhos (17%), seguida pela descrença na punição (14%) e pela esperança de que seria a última agressão (13%).
🌐 Violência Digital e Medidas Protetivas
Pela primeira vez, a pesquisa investigou a violência digital, apurando que 10% das mulheres sofreram algum tipo de agressão on-line ou por meios eletrônicos, como mensagens ofensivas ou invasão de contas.
Sobre a Lei Maria da Penha, a pesquisa aponta:
- Conhecimento: Apenas 19% das brasileiras afirmam conhecer bem a legislação.
- Medidas Protetivas: 62% das vítimas não pediram medidas protetivas. Entre as que pediram, 17% tiveram a medida descumprida.
Apesar de a maioria das brasileiras (79%) acreditar que a violência aumentou e 71% considerarem o Brasil um país muito machista, a pesquisa de 2025 se consolida como a mais extensa série histórica do país, servindo de base para o Mapa Nacional da Violência de Gênero do Observatório da Mulher contra a Violência (OMV) do Senado Federal.
