O jornal argentino Página 12 publicou nesta terça-feira (02/12) que o governo de Javier Milei estaria incentivando um “banho de sangue no Caribe” ao apoiar a crescente escalada de agressões dos Estados Unidos contra o governo venezuelano de Nicolás Maduro. A publicação veio um dia após a gestão Milei exigir do Tribunal Penal Internacional (TPI), através de seu representante, uma “ação imediata” para prender Maduro e o líder do Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV), Diosdado Cabello.
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Posição Argentina no TPI
O representante argentino em Haia, Diego Emilio Sadofschi, também alegou suposta fraude nas eleições de 2024 na Venezuela. A postura foi rapidamente rebatida pelo embaixador venezuelano, Héctor Constant Rosales, que acusou o governo Milei de ser um “falso defensor dos direitos humanos” e de “politizar” a conferência para atacar a legitimidade do regime chavista.
O Página 12 minimizou a ação argentina no tribunal, afirmando que a fala de Sadofschi foi apenas um “simples discurso, não uma apresentação séria ao escritório do promotor fornecendo elementos”. O veículo destacou que o TPI atualmente não possui nenhum mandado de prisão contra Maduro, nem mesmo uma decisão formalizada referente à investigação em curso sobre supostas violações de direitos humanos na Venezuela.
Alinhamento com a Estratégia de Trump
O jornal argentino interpretou a investida de Milei como um esforço para legitimar uma guerra no continente, em um momento em que Washington mobilizou uma grande frota na costa venezuelana e ordenou o fechamento unilateral do espaço aéreo do país bolivariano.
“Trata-se de seguir Trump, buscando legitimar uma guerra no continente. O pior adicional é que os Estados Unidos não reconhecem o Tribunal Penal porque não querem que os crimes de seus soldados ao redor do mundo sejam julgados por um tribunal internacional”, acrescentou o Página 12.
O veículo destacou que o representante argentino no TPI não é um embaixador, mas um encarregado de negócios da Argentina na Holanda. Para o jornal, seu discurso foi puramente político, “destinado a justificar qualquer ação de Trump”.
Motivações Econômicas
O Página 12 avalia que o endosso ao intervencionismo norte-americano, que rompe a tradicional política argentina de não intervenção, é “acima de tudo econômico”.
O jornal argumenta que a administração Trump resgatou Milei durante a corrida das taxas de câmbio antes das eleições de outubro e interferiu decisivamente durante o pleito. O apoio, segundo o veículo, é crucial para que Milei continue a receber o “respirador de Washington” diante dos graves desequilíbrios de câmbio e da falta de dólares.
O Página 12 concluiu criticando o alinhamento de Milei: “Um banho de sangue não é descartado e teria o endosso libertário”.
