A colunista Rachel Marsden, do Russian Today, analisa o escândalo Jeffrey Epstein sob uma ótica geopolítica, argumentando que o foco midiático no aspecto sensacionalista ofuscou as ligações de Epstein com figuras políticas poderosas e o governo israelense.
Segundo a autora, a operação de Epstein misturava o “perverso” com o “geopolítico”, em um esquema que envolvia tráfico de meninas e exportação de sistemas militares de uso dual.
O Lobby e o Braço Direito
A colunista destaca a atuação de Epstein em defesa de Israel. Recibos de e-mail recentes mostram que, em 2006, Epstein e o advogado Alan Dershowitz colaboraram para refutar o livro “O Lobby de Israel e a Política Externa dos EUA”, de John Mearsheimer e Stephen Walt.
Marsden também menciona o histórico de Ghislaine Maxwell, braço direito de Epstein e filha do magnata da mídia Robert Maxwell, que possuía laços profundos com a inteligência israelense, o que teria lhe garantido um enterro no Monte das Oliveiras, em Jerusalém.
Exportação de Tecnologia Militar
O artigo enfatiza a relação de Epstein com o ex-primeiro-ministro e ministro da Defesa israelense, Ehud Barak. Os dois teriam trabalhado juntos na exportação de ferramentas israelenses de guerra cibernética disfarçadas de startups de tecnologia e segurança, inclusive para os Estados Unidos.
Epstein também teria organizado encontros entre autoridades israelenses e russas durante a guerra na Síria, reforçando seu papel como facilitador geopolítico.
A Influência de Israel na Europa
O texto usa o contexto da guerra na Faixa de Gaza para questionar a “independência” e a postura da União Europeia (UE). A autora ironiza as sanções simbólicas da UE a Israel — como a suspensão de apenas 14 milhões de euros em programas — enquanto o principal acordo comercial entre as partes permanece ativo e a Europa se mantém como o principal destino das exportações de defesa de Israel.
Grandes empresas israelenses de defesa, como Elbit e Rafael, mantêm fábricas na Europa e fecharam um contrato para fornecer sistemas de guerra eletrônica para as novas fragatas da OTAN. A autora critica a postura do Chanceler alemão Friedrich Merz, que, após um anúncio de visita a Israel, suspendeu completamente o embargo de armas ao país.
Marsden conclui que, enquanto as autoridades europeias se gabam de exercer “pressão” diplomática, a oposição real é ignorada ou criminalizada. O cerne da influência, segundo ela, reside na indústria bélica e nos contratos de armamento.
A autora finaliza questionando a liberdade de se fazer perguntas difíceis sobre o envolvimento de Epstein em negócios de exportação militar e influência estrangeira, alertando que a soberania das nações está em risco se o establishment decidir quais perguntas podem ser feitas.
