A ingênua carta de Bolsonaro a Joe Biden

Essa carta, se houvesse sido enviada no início de 2019, teria um impacto absolutamente diferente

Em movimento polêmico, o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino, substituiu o delegado Alexandre Saraiva pelo delegado Leandro Almada.

Seria um comum ato administrativo se a mudança não fosse exatamente do delegado Alexandre Saraiva, que acabara de veicular notícia-crime apresentada em desfavor de Ricardo Salles, ministro do meio ambiente, com fundamento em indícios de obstrução de investigação ambiental, organização criminosa e favorecimento de madeireiros na região amazônica.

Sob o ponto de vista internacional, os países não só estão preocupados com a questão ambiental na região amazônica, como tomam conhecimento de toda movimentação de varejo local. Ou seja, especialmente Europa e EUA acompanham ações do Brasil, inclusive esta última de rearranjo na polícia federal na região amazônica.

O ato pode ser visto com ressalvas no cenário global, haja vista a tentativa do presidente Bolsonaro de conseguir apoio e financiamento com uma carta dirigida a Joe Biden, presidente dos EUA, na qual se compromete a acabar com o desmatamento ilegal até 2030.

Mas não foi só. Houve o reconhecimento do aumento das taxas de desmatamento desde 2012. Logo, ao citar este ano, e incluir período de governo petista também como responsável, Bolsonaro divide responsabilidades.

Ainda, o presidente envolveu toda a comunidade internacional, requerendo dinheiro e compartilhando com ela responsabilidades.

Essa carta, se houvesse sido enviada no início de 2019, teria um impacto absolutamente diferente. O que se sabe é que, no momento, a carta foi mal recebida e vista como uma espécie de chantagem.

Sequer acredita-se que Bolsonaro, ainda que fale pelo Estado brasileiro, possa prometer algo que não poderá cumprir até 2030. E o que vem a ser legal e ilegal em matéria ambiental no Brasil atualmente? É uma importante questão.

Mudar o delegado federal que investiga crimes ambientais pode sinalizar falsas intenções e ser visto apenas como uma simulação do que realmente ocorre na área ambiental no Brasil.

Assim como na questão das vacinas, o governo federal demonstra a todo momento ser lento, temerário e reativo.

Portanto acreditar que potencias mundiais não tenham conhecimento do que ocorre no dia a dia da política local brasileira chega a ser ingênuo