Acervo da Uerj ganha dois fósseis de nova espécie de crocodiliformes

O acervo da Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), que fica em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, foi ampliado com a chegada de dois fósseis de uma nova espécie de crocodiliformes.

Os esqueletos foram encontrados em um projeto desenvolvido por pesquisadores da universidade em parceria com outros colegas do Museu Nacional, que pertence à Universidade Federal do Rio de Janeiro (MN / UFRJ) e das universidades Federal do Acre e Federal Rural de Pernambuco, que publicaram a descoberta na revista científica Anais da Academia Brasileira de Ciências , quarta-feira (16).

“Em um volume especial de homenagem ao paleontólogo muito importante no Brasil, professor Diógenes de Almeida Campos, da CPRM, hoje Agência Nacional de Mineração e de comemoração dos 105 anos da Academia Brasileira de Ciências ”, afirmou à Agên cia Brasil , o geólogo Felipe Medeiros graduado pela UFRJ e pesquisador associado ao laboratório da Universidade Federal Rural de Pernambuco, que também participou do estudo.

Os achados no município de Álvares Machado, no sudoeste de São Paulo, incluem dentes, ossos do sangue e pós-sangue provenientes das rochas da Formação Araçatuba (Grupo Bauru). Os esqueletos, que estavam perto do outro, pertencentes à idade geológica conhecida como Turoniano, que varia entre 89 milhões a 89 milhões de anos.

Identificação Uma nova espécie foi batizada de Coronelsuchus civali. O primeiro nome significa “crocodilo de Coronel”, em uma referência ao distrito de Coronel Goulart do município de Álvares Machado, onde foi coletado. A civali é uma homenagem ao dono da propriedade onde os fósseis foram encontrados, que se chama Cival.

Na avaliação dos pesquisadores, o animal tido como uma “forma mais primitiva” da família Sphagesauria do grupo Notosuchia, viveu às margens de um lago imenso e raso, também habitado por moluscos, peixes, tartarugas e crocodilos de outras famílias. “Havia um complexo de lagos na região perto de Presidente Prudente e de Marcondes e outras formações mais novas como a de Adamantina que representam ambientes pretéritos fluviais. Domínio de rios que desaguavam em lagos que as rochas nos indicam e damos o nome de Formação Araçatuba ”, contou em entrevista à Agência Brasil , o geólogo e paleontólogo da UERJ, André Pinheiro, que coordenou o estudo.

Segundo André Pinheiro, o exemplime encontrado tem diferenças na dentição e podia se alimentar de carcaças, de insetos, moluscos , ovos de tartarugas e até consumir vegetais. Outra característica é que era mais ereto e se movimentava com maior distância do chão, da que se verifica nos crocodilos que conhecemos atualmente.

Para os pesquisadores, os achados, a compreender as relações de parentesco entre várias espécies de crocodilos fósseis da era Mesozoica do período de tempo geológico Cretáceo Superior, que corresponde a 145 milhões a 65 milhões de anos, de alguns estados brasileiros. “A era Mesozóica tem três grandes períodos: o triássico, mais antigo; o jurássico e o cretáceo que tem várias épocas dentro dele ”, explicou Felipe Medeiros.

Com uma espécie inédita foi possível definir um grupo novo sistemático para os animais, denominado Sphagesauria. “Essas ocorrências ocorrem com muita abundância no centro-oeste de São Paulo, parte em Minas Gerais, um pouco no norte do Paraná e no Mato Grosso do Sul. Essas formações do grupo Bauru são as mais prolíficas em termos de fósseis ”, informou o paleontólogo.

De acordo com o geólogo Felipe Medeiros, o grupo começou a realizar uma série de expedições àquela região em 2015, fez a coleta dos primeiros esqueletos do Coronelsuchus. Os outros materiais de dinossauros, peixes e tartarugas recolhidos no mesmo local não foram relatados no artigo publicado. O que deve ocorrer em outra publicação.

Por causa da pandemia, os pesquisadores tiveram que deixar de viajar ao local para prosseguir como escavações para encontrar mais materiais. Felipe torce para o avanço na vacinação contra um covid – 16 para a retomada dos trabalhos na região. Enquanto isso, os estudos avançam nos laboratórios. “A gente focou as pesquisas em laboratórios e a preparação dos fósseis que a gente precisa fazer para serem estudados e avaliada a anatomia”, revelou, elaborando que quando para possível voltar à região haverá um trabalho de divulgação dos achados com os moradores do município.

Os pesquisadores Felipe Medeiros e André Pinheiro destacaram que o projeto preferido de uma bolsa do CNPq e a descoberta do Coronelsuchus civali é importante diante das dificuldades de liberações de recursos para pesquisas científicas. “Para a ciência brasileira em um momento de fomentos escassos e em que a ciência não está favorecida, a gente é favorecido, o que possibilitou como novas escavações. É o primeiro deste tipo encontrado na Formação Araçatuba ”, disse o coordenador.

Além de André e Felipe, participaram do projeto de pesquisadores Lucy de Souza (UFAC / MUSA), Kamila Bandeira, Renato Ramos e Arthur Brum do Museu Nacional (MN / UFRJ), Paulo Victor Luiz Pereira e Luís Otávio de Castro (UFRJ Fundão).