Não era o prêmio que imaginávamos que viria, é menos do que gostaríamos, mas ainda assim é uma delícia: o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro finalmente é do Brasil! Décadas atrás, com Orfeu Negro e O beijo da mulher aranha, chegamos a sentir a textura da estatueta, mas não ficou conosco. Paciência, talvez precisasse mesmo ser em um domingo de carnaval pra celebrar como se deve: vibrando na Sapucaí.
Ainda assim, vamos colocar os pés no chão: prêmios não são essenciais. É plenamente possível ser um grande filme sem ter o devido reconhecimento – até porque, falando francamente, quando se está arrebatado, todo reconhecimento parece menor do que o devido. Ao mesmo tempo, prêmios são importantes. Afora Dame Maggie Smith e seus Emmys nunca resgatados, quem há de recusar um reconhecimentozinho a mais, um souvenir extra para encher a estante? Seja premiação a nível do Oscar, digna de algum respeito (no mínimo, status), seja premiações cult, underground e caseiras, todas contam. E em se tratando de números, “Ainda estou aqui” vai muito bem.
Há divergências em alguns sites quanto aos números, mas, no IMDb, por exemplo, o filme já conta com seus 50 louros. Pertinho dos números de Bacurau (54), que gerou tanta comoção à época. Um pouco distante de Cidade de Deus, com 75, é verdade, mas plenamente alcançável: entre outras premiações que ainda vão acontecer, o Prêmio do Cinema Brasileiro acabou de encerrar as inscrições e o evento deve ser realizado no segundo semestre.
10 anos após a Abracine publicar a lista dos 100 melhores filmes brasileiros, parece ser tempo de reavalizarem seus escolhidos. Prêmios não deve ter sido um critério, claro, mas Cidade de Deus fez bonito e entrou no top 10. Será “Ainda estou aqui” tem vez? Passado o Oscar e a euforia, resta aguardar pacientemente que o filme quebre mais algumas marcas históricas, entre no catálogo da Globoplay e, quem sabe, galgue um lugar entre nossos clássicos.