Estado pede desculpas pela negligência com ossadas de Perus

25 de março de 2025
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© Paulo Pinto/Agência Brasil
© Paulo Pinto/Agência Brasil

O Estado brasileiro pediu desculpas publicamente nesta segunda-feira (24) pela negligência na identificação das ossadas encontradas na Vala Clandestina de Perus, no Cemitério Dom Bosco, na zona norte de São Paulo. O reconhecimento da falha foi feito durante cerimônia marcada pelo Dia da Memória, pela Verdade e pela Justiça. A ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, foi a responsável por ler o pedido de desculpas.

O governo brasileiro, por meio do Ministério dos Direitos Humanos, reconheceu a negligência no tratamento das ossadas entre 1990 e 2014. A ministra, em nome do Estado, pediu desculpas aos familiares das vítimas da ditadura militar pela falta de ação adequada durante a identificação dos restos mortais encontrados na vala clandestina. A cerimônia também contou com a presença de familiares das vítimas e autoridades locais.

Vala Clandestina de Perus

A Vala Clandestina de Perus foi aberta em setembro de 1990, e desde então, os restos mortais de pessoas vítimas da repressão durante a ditadura militar foram encontrados ali. De acordo com a ministra Macaé Evaristo, os corpos enterrados ilegalmente no local incluíam tanto pessoas indigentes quanto opositores do regime, considerados “terroristas” pelas autoridades da época.

A ministra enfatizou que o governo federal está comprometido com a busca pela verdade, justiça e memória das vítimas. Durante a cerimônia, ela entregou uma placa com o pedido de desculpas a Gilberto Molina, irmão de Flávio Carvalho Molina, uma das vítimas identificadas. Flávio foi torturado e morto por agentes do regime em 1971, e enterrado como indigente na vala. A identificação de seu corpo, em 2005, foi um marco na busca pela verdade.

Importância da Identificação das Ossadas

A cerimônia no Cemitério Dom Bosco simbolizou o reconhecimento de um processo lento e doloroso. De acordo com Gilberto Molina, a busca pela identificação de seu irmão levou quase 44 anos. Além disso, a ministra anunciou que o governo federal garantirá recursos para a continuidade dos trabalhos de identificação das ossadas e para a retificação das certidões de óbito de desaparecidos durante a ditadura.

A Luta pela Verdade e Justiça

A descoberta da vala clandestina, feita pelo jornalista Caco Barcellos em 1990, revelou a extensão das violações de direitos humanos na ditadura militar. A pesquisa de Barcellos apontou para os “terroristas” mortos pelo regime, cujos corpos foram enterrados sem identificação. A prefeitura de São Paulo iniciou as escavações e, posteriormente, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi criada para apurar os casos. A relatora da CPI, Tereza Lajolo, também participou da cerimônia, lembrando a luta constante por mais recursos para o trabalho de identificação.


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Até hoje, apenas algumas das 1.049 ossadas encontradas na vala foram identificadas. Em 2024, o Ministério dos Direitos Humanos assinou um novo acordo para a continuidade dos trabalhos de identificação, com apoio da Unifesp e da Secretaria Municipal de Direitos Humanos de São Paulo.

Entenda o caso: Negligência na Identificação das Ossadas da Vala Clandestina de Perus

  • A Vala Clandestina de Perus foi descoberta em 1990 e continha restos mortais de vítimas da ditadura militar.
  • Durante o período de 1990 a 2014, houve falhas graves na identificação das ossadas, o que gerou o pedido de desculpas do governo.
  • A cerimônia de desculpas foi realizada no Cemitério Dom Bosco, com a presença de autoridades e familiares das vítimas.
  • Gilberto Molina foi um dos familiares a receber um pedido de desculpas pela identificação tardia de seu irmão, Flávio Carvalho Molina.
  • O governo federal está comprometido em retomar os trabalhos de identificação e garantir justiça às vítimas da ditadura.

Com informações da Agência Brasil

Redacao

Equipe de jornalistas do Jornal DC - Diário Carioca

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