O ditado é antiquíssimo: Não julgue o livro pela capa. Para os leitores, especialmente, o motivo está mais do que justificado, afinal, nem sempre a capa faz mesmo jus ao conteúdo. Normalmente, o ditado é usado para valorizar o “conteúdo”, como se a estampa “pouco favorecida” guardasse na verdade algo valoroso, algo que só dependesse de se vencer a primeira barreira para se apreciar. Em determinada medida, estão corretos. Descartado o estado de conservação, há ótimos livros escondidos em capas pouco inspiradas e ainda menos atrativas.
Quem vai questionar? Em meio a uma variedade infinita, tudo conta na hora de escolher: a capa, o título, o autor, a localização da obra em livrarias, sebos, bibliotecas, qualquer espaço – o mais importante, a vontade do leitor, é loteria, deixemos de lado. E o primeiro contato se dá com a capa, de longe a mais visível, a que impacta primeiro e que vamos reconhecer depois, quando batermos os olhos de novo. Os livreiros que se armem de paciência porque aquele livro de capa azul não era apenas um livro de capa azul num mar de livros de capas azuis. Tinha detalhes! E é aí que o trabalho do capista se faz ainda mais especial.
No catálogo Capistas 24-25, recém-lançado pela Seiva e disponibilizado gratuitamente aqui, conhecemos os autores de algumas das dezenas de capas encontradas no mercado. Além de seus perfis, eles respondem a algumas perguntas referentes às suas inspirações e opiniões. Uma das capistas d’A biblioteca da meia-noite, que não sai da lista dos mais vendidos da Amazon, por exemplo, está lá. A dona daquela capa inesquecível de A menina que roubava livros? Mariana Newlands, também está lá. Mais de um capista de livros da Úrsula K. Le Guin está presente também. Além de Ing Lee e a delicadeza da capa do recomendadíssimo Amêndoas.
Decididamente é uma valiosa obra de referência para quem tem interesse no mercado editorial, sem deixar de ser, ao mesmo tempo, uma agradável aventura para os leitores que amam livros, design, suas construções e julgam, sim, o livro pela capa.
