Baseado em série da Netflix, Estação Livre fala sobre inocentes presos injustamente

PRISÕES DE INOCENTES, RACISMO E FALHA NO RECONHECIMENTO FACIAL GANHAM DESTAQUE NA EDIÇÃO PAUTADA EM OLHOS QUE CONDENAM, NESTA SEXTA (20), NA TV CULTURA

Nesta sexta-feira (20/8), o Estação Livre se baseia na série Olhos Que Condenam, da Netflix – dirigida por Ava DuVernay e produzida por Oprah Winfrey, que conta a história de cinco jovens condenados injustamente no Central Park, em Nova Iorque – e discute casos semelhantes ocorridos no Brasil. Apresentado por Cris Guterres, vai ao ar inédito a partir das 22h, na TV Cultura .

No estúdio do programa, o ouvidor de Polícia Dr. Elizeu Soares Lopes fala sobre o que as polícias Militar, Civil e Técnica Científica estão fazendo para diminuir o racismo nas ações policiais, e Lennon Seixas Vieira conta como foi vítima de prisão injusta provocada pelo racismo .

Estação Livre mostra também como a Innocence Project Brasil trabalha para ajudar vítimas inocentes de prisões injustas e como funciona o reconhecimento facial. Participam do programa ainda o advogado Doutor Flávio Campos, o educador social Marcelo Dias e o pai de Lennon Seixas, Junior César Vieira da Silva.

Reportagens

A atração apresenta a ONG Innocence Project Brasil, criada em 2016, que trabalha para fazer justiça às pessoas condenadas injustamente. O projeto envolve mais de 70 organizações ao redor do mundo, a maioria delas nos Estados Unidos, e já reverteu as decisões equivocadas de 350 pessoas inocentes. Inclusive eles atuaram no caso dos jovens da série Olhos Que Condenam .

O caso de Lennon Seixas Vieira também é revelado no programa. Ele foi abordado pela polícia junto com o amigo Bruno dos Prazeres. Levados à delegacia, foram acusados de sequestro e roubo, reconhecidos erroneamente pela vítima e presos. A família acabou sendo responsável por realizar as investigações que acabaram por inocentar os rapazes por falta de provas e incongruências no processo.

Em outra reportagem, mais um caso de prisão errônea que a justiça reconheceu ser baseada no racismo. Luiz Carlos Justino é um jovem de 24 anos, envolvido com música desde os seis anos de idade e fã do compositor italiano Vivaldi. No ano passado, ele foi preso injustamente por um assalto que não cometeu e dormiu quatro noites na prisão. Em junho de 2021 foi finalmente absolvido.

O racismo também está presente no sistema de reconhecimento facial. Usado pelas polícias do Brasil desde 2019 para identificar pessoas suspeitas ou acusadas de algum crime, empresas como a Microsoft admitem que, por terem sido criados por brancos, com base em rostos de pessoas também brancas, o sistema apresenta imprecisão no reconhecimento de negros. A consequência disso é a continuidade de uma política de encarceramento que é falha e racista.

Por fim, o caso da cantora, compositora, ativista e líder do Movimento Sem Teto do centro de São Paulo, Preta Ferreira, que foi detida sem provas em 2019. Com componente político, ela foi acusada de extorsão e associação criminosa, por conta da mensalidade cobrada nas ocupações lideradas por ela e sua mãe, Carmen Silva. Nunca foram apresentadas provas contra elas e a detenção foi baseada em uma carta anônima. A soltura de Preta coincidiu com a presença da ativista estadunidense Angela Davis no Brasil, que fez questão de apoiá-la.