Atualizado: 29/11/2025 às 18:14
Na madrugada desta segunda-feira (29), a atriz e comediante Berta Loran morreu aos 99 anos, em um hospital particular de Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro. A artista, que completaria 100 anos em março de 2026, deixa um legado de humor e resistência cultural que atravessou décadas da história brasileira.
Uma vida dedicada ao humor brasileiro
Filha de imigrantes judeus poloneses, Berta Loran construiu sua carreira no teatro, cinema e televisão, onde se tornou um dos nomes mais respeitados do humor nacional. Sua irreverência marcou os palcos e telas desde os anos 1950, em um período de grande efervescência cultural no Brasil.
Ao longo de mais de sete décadas de atuação, Berta não apenas divertiu plateias, mas também abriu espaço para mulheres na comédia, enfrentando preconceitos em uma área marcada pelo machismo. Sua presença firme e seu talento inconfundível ajudaram a redefinir o lugar da mulher no humor brasileiro.
Reclusão e memória preservada
Nos últimos anos, a atriz viveu de forma reclusa, sem contato direto com a imprensa. Sua decisão de se afastar dos holofotes foi destacada por João Luiz Azevedo, produtor cultural responsável pelo livro-homenagem Berta Loran: 90 anos de humor (Litteris), lançado em 2016.
Mesmo distante da mídia, sua memória permaneceu viva entre fãs e colegas de profissão. O registro de sua trajetória em obras como a de Azevedo reforça a importância de preservar a história de artistas que moldaram a identidade cultural brasileira.
O impacto cultural de Berta Loran
A morte de Berta Loran é mais do que a perda de uma comediante: simboliza o fim de uma era em que a arte cômica era profundamente enraizada no cotidiano do país. Sua carreira acompanhou mudanças políticas, sociais e culturais do Brasil, sempre mantendo o humor como ferramenta de resistência e crítica.
Num tempo em que a cultura enfrenta cortes de investimento e tentativas de silenciamento, a lembrança de figuras como Berta reafirma a necessidade de valorizar a arte e os artistas que dedicaram a vida à liberdade de expressão.

