Violência LGBTQIA+

Pesquisa mostra relutância de LGBTQIA+ em denunciar crimes no Rio de Janeiro

Estudo revela que a maioria das vítimas de violência LGBTQIA+ tem receio de buscar ajuda nas delegacias.

Participantes do evento discutem a pesquisa sobre violência contra LGBTQIA+ e estratégias para melhorar a resposta policial
Participantes do evento discutem a pesquisa sobre violência contra LGBTQIA+ e estratégias para melhorar a resposta policial - Foto: Agência Brasil

Rio de Janeiro – Pesquisa inédita do grupo Pela Vidda, apresentada nesta sexta-feira (17) no Dia Internacional Contra a LGBTfobia, revela que, apesar da alta incidência de violência contra LGBTQIA+ na cidade, muitas vítimas têm receio de ir à delegacia denunciar os crimes. Além disso, muitas denúncias registradas acabam sendo arquivadas pelo Ministério Público.

O que você precisa saber:

  • Tipos de violência: Homofobia (53,6%), violência psicológica (51,7%), assédio e importunação sexual (45,2%).
  • Relutância em denunciar: 29,3% dos entrevistados disseram ser muito improvável que denunciem à polícia.
  • Preparação policial: 65% acreditam que a polícia está “muito pouco preparada” para atender LGBTQIA+.
  • Arquivamento de casos: 48,6% dos casos denunciados ao Ministério Público são arquivados.

Principais Dados da Pesquisa

A pesquisa, realizada com 515 pessoas LGBTQIA+, mostra que as violências mais recorrentes foram homofobia, violência psicológica e assédio/ importunação sexual. Quando perguntados sobre a probabilidade de recorrerem à polícia, 29,3% disseram ser muito improvável. Apenas 25% afirmaram que é muito provável que denunciem.

Percepção sobre o Atendimento Policial

A maioria dos entrevistados (65%) acredita que a polícia está “muito pouco preparada” para atender a população LGBTQIA+, com 61,7% afirmando que os policiais não levam as denúncias a sério. “A LGBTfobia é uma realidade que acontece na vida das pessoas e temos que aplicar a legislação,” disse Maria Eduarda Aguiar, diretora do grupo Pela Vidda.

Arquivamento de Casos

Entre aqueles que buscaram uma delegacia, 28% disseram que a especificação de crime de LGBTfobia foi recusada, enquanto 14% conseguiram fazer o registro apenas depois de insistir. Dados do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro mostram que menos da metade dos casos denunciados resultam em ações judiciais.

Ação da Polícia Civil

A pesquisa será apresentada à Polícia Civil como parte de uma ação para sensibilizar os policiais e melhorar o atendimento nas delegacias. Cláudia Otília, assessora especial da Secretaria de Polícia Civil, destacou a criação de um grupo de trabalho focado na temática LGBTQIA+ para rever procedimentos e protocolos policiais.

“A disciplina que é ministrada na Acadepol está sendo revista para incorporar propostas de capacitação escrita pela sociedade civil e pelo poder público,” explicou Cláudia. A Polícia Civil também promove a série de eventos “Diálogos pela Igualdade” para discutir e rever práticas institucionais.