São Paulo – Ex-Testemunhas de Jeová estão reunindo provas para processar a organização religiosa no Brasil. Os denunciantes acusam a entidade de acobertar casos de pedofilia, submeter fiéis a humilhação pública e pressioná-los a cortar laços familiares. Além disso, alegam que há indícios de indução ao suicídio em situações de recusas de transfusão de sangue.
Os ex-integrantes também afirmam que são desencorajados a ingressar na faculdade e que o isolamento social é uma prática comum contra quem abandona a doutrina. Um grupo de ex-membros planeja solicitar o cancelamento do registro legal da organização religiosa e buscar indenização por danos morais.
Acusações de abusos e isolamento social
Lucas Vasconcelos, de 24 anos, psicólogo de Pernambuco, denuncia que foi obrigado a ingerir álcool até perder a consciência e, em seguida, sofreu abuso aos 15 anos dentro da comunidade. Outras duas mulheres, que preferiram não se identificar, também relataram casos de violência sexual dentro do grupo religioso.
A auxiliar administrativa Ester Lopes Bueno, de 42 anos, afirma que deixou a organização em 2019 e, desde então, seus familiares que permanecem na religião cortaram qualquer contato com ela. Essa prática, conhecida como “desassociação”, é uma das principais reclamações de ex-membros.
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Transfusões de sangue e riscos à vida
A regra que proíbe a aceitação de transfusões de sangue é apontada pelos denunciantes como um fator de risco para fiéis. Em casos graves, a recusa pode resultar em morte, levando à discussão sobre indução ao suicídio. A polêmica é alvo de críticas de ex-integrantes que se sentiram pressionados a seguir a orientação mesmo em situações de risco.
Protestos e mobilização judicial
No início do mês, um grupo de seis ex-membros organizou um protesto em Cesário Lange (SP), onde está localizada a sede nacional da comunidade. Ao menos 11 pessoas já denunciaram a organização, e novas queixas devem ser formalizadas nos próximos meses.
Entenda o caso: acusações contra as Testemunhas de Jeová
- Ex-fiéis denunciam acobertamento de abusos sexuais dentro da organização.
- A pressão psicológica leva ao isolamento social e à perda de contato com familiares.
- A proibição de transfusões de sangue gera preocupação entre especialistas.
- Ex-membros organizam protestos e buscam a extinção do registro legal da entidade no Brasil.