Brasília
Filhos de criminosos famosos, como Cristian Cravinhos, Elize Matsunaga e Anna Carolina Jatobá, estão usando a Justiça para apagar qualquer vínculo oficial com os pais. A alegação central é a ausência de laços afetivos e o constrangimento gerado pelo passado violento das famílias.
Em fevereiro de 2025, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) autorizou um homem de 27 anos a retirar o nome do pai, Cristian Cravinhos, dos seus documentos. A corte reconheceu que o pai o abandonou na infância e destacou a falta de qualquer tipo de relação. O jovem já havia retirado o sobrenome Cravinhos em 2009, mas decidiu formalizar o desligamento total.
Mudanças de nome e ausência de vínculos
A ministra Nancy Andrighi, relatora do processo, destacou que o pai “rompeu completamente com seus deveres parentais”. O jovem argumentou que manter o nome completo do pai nos registros ainda o expunha socialmente.
A legislação brasileira permite esse tipo de alteração em casos de inexistência de vínculo afetivo, ausência de relação biológica ou erro no registro. A remoção do nome de pais ou mães também ocorre em processos de adoção.
Casos de Elize Matsunaga e Anna Jatobá
A filha de Elize Matsunaga, hoje com 14 anos, vive com os avós paternos, Mitsuo e Misako Matsunaga, que entraram com uma ação para retirar a maternidade da ex-nora. Elize responde legalmente para manter o vínculo com a filha, mesmo após mudar seu nome para Elize Araújo Giacomini.
Já Anna Carolina Jatobá, envolvida na morte da enteada Isabella Nardoni, voltou a usar o sobrenome de solteira após deixar a prisão. Os dois filhos removeram o sobrenome Nardoni dos documentos. Jatobá agora tenta obter cidadania italiana para os filhos.
Alterações de nomes e nova legislação
Desde 2022, a lei permite a mudança do prenome por maiores de 18 anos, sem necessidade de justificativa. O sobrenome pode ser alterado em casos de casamento, divórcio ou adoção. Contudo, mudanças com intenção de ocultar antecedentes precisam de avaliação judicial.
A advogada Mabel de Souza Pinho afirma: “O objetivo da lei é equilibrar o direito ao recomeço com o dever de preservar a memória e proteger terceiros”.
Casos de Suzane e Daniel Cravinhos
Suzane von Richthofen, em liberdade desde 2023, passou a se chamar Suzane Louise Magnani Muniz, usando os sobrenomes da avó e do companheiro.
Daniel Cravinhos, cúmplice no mesmo crime, já mudou de nome duas vezes: primeiro com o sobrenome da ex-esposa e depois com o da atual companheira.
Em entrevista, Daniel relatou episódios de preconceito: “Cheguei a ser expulso de um restaurante com uma namorada porque o gerente disse que não aceitava pessoas como eu no estabelecimento”.
Entenda
Cinco pontos para entender os pedidos de desvínculo familiar:
- O STJ autorizou a retirada do nome de Cristian Cravinhos dos documentos do filho.
- O vínculo familiar pode ser apagado legalmente quando não há relação afetiva.
- Elize Matsunaga e Anna Jatobá também tiveram os nomes afastados por filhos e parentes.
- Desde 2022, é possível mudar o prenome sem justificativa legal.
- A Justiça exige análise especial quando há risco de ocultação de histórico criminal.