Entrevista: As parcerias empresariais de Milton Nascimento

Milton Nascimento está a todo o vapor com seu último trabalho na praça, …E a gente sonhando. Para lançá-lo e distribuí-lo, firmou uma inédita parceria entre EMI Publishing (editora), EMI Music (gravadora) e Nascimento Música (selo do cantor). Além disso, para 2011, Bituca pretende dar continuidade ao seu projeto de lançar novos artistas. Confira abaixo a entrevista exclusiva concedida pelo cantor e compositor mineiro ao Visto Livre Magazine! (Por Gustavo Godinho).

 
Visto Livre: Você tem fama de ajudar os novos compositores, principalmente os mineiros. Você pensa em lançar ou já lançou algum talento por intermédio de seu selo, Nascimento Musica?
Milton Nascimento: Sim, além de cuidar da minha carreira, a Nascimento Música também trabalha com o lançamento de novos artistas. Já lançamos discos da Marina Machado, uma cantora de Belo Horizonte (MG) e, no ano passado, lançamos o disco de estreia do Pedrinho do Cavaco, um multi-instrumentista do Rio de Janeiro.
 
Visto Livre: De onde veio a ideia de você criar o Nascimento Musica?
Milton Nascimento: Eu sempre compus muitas trilhas sonora para cinema e ballet e as gravadoras não queriam lançar. Aí fundei o selo e venho lançando esse material gradativamente.
 
Visto Livre: Para o lançamento do seu último disco, o "…E a gente sonhando", você firmou parceria entre seu selo, a EMI Publishing e a EMI Music. Por que optou por esse acerto?
Milton Nascimento: Foi uma coisa muito natural. A idéia surgiu num encontro com os executivos da EMI Publishing antes de ela fundir com a EMI Music. Eles propuseram um investimento forte no marketing e um apoio na distribuição com a EMI Music. Ao meu ver, essa iniciativa foi pioneira em muitos sentidos, já que se tornou uma tendência do mercado agora e, a partir da experiência bem sucedida comigo, vem sendo feita com diversos outros artistas.
 
Visto Livre: Falando sobre sua carreira, descreva qual o exato papel de cada uma das três empresas.
Milton Nascimento: A EMI Publishing, por estar mais capitalizada que a gravadora, adianta verba para publicidade, viagens e diversas parcerias a fim de promover o produto. E a EMI Music cuida da logística e da distribuição do CD em si.
 
Visto Livre: Para 2011, quais os planos de Milton Nascimento?
Milton Nascimento: Espero continuar fazendo muitos shows, tanto aqui no Brasil quanto no exterior. Assim como vou continuar com a divulgação do meu disco mais recente "…E a gente sonhando". E, no dia 12 de maio, vai ser exibida uma série de documentários para o Discovery Channel para os quais fiz a narração. Enfim, são vários projetos.
 
Visto Livre: Você acha que atualmente a MPB perdeu um pouco de espaço como música de massa? Por que?
Milton Nascimento: Hoje em dia tem público pra todo mundo. Basta fazer um trabalho sincero, honesto e com o coração.
 
Visto Livre: Alguns jornalistas taxam a MPB como música para as elites, você concorda?
Milton Nascimento: Isso é uma minoria que fala. Quem gosta realmente de música brasileira não pensa assim.
 
Visto Livre: O que você acha da nova geração da MPB, como Maria Gadú e Maria Rita? Possivelmente rolará alguma parceria?
Milton Nascimento: Gosto muito das duas. Maria Gadú está sempre lá em casa nas jam sessions que eu organizo. E o primeiro trabalho da Maria Rita como cantora foi num disco meu, o "Pietá".
 
Visto Livre: Você excursionou um tempo pelos EUA e pela Europa. Qual a diferença de se apresentar lá e aqui, em se tratando de negociações e organização?
Milton Nascimento: O mais gratificante é ver o nosso trabalho, a nossa música atravessar fronteiras e ser reconhecida e respeitada no mundo todo. Hoje em dia, a estrutura de trabalho do Brasil não deve nada aos eventos que fazemos lá fora.