Maus

Lançada em 1986, a premiada Graphic novel Maus – A História de um sobrevivente narra a luta de Vladeck, polonês judeu para sobreviver

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É possível que um veículo com linguagem associada aos jovens e a diversão – no caso, uma história em quadrinhos – possa trazer uma história tão carregada de dor e tão reflexiva como o Holocausto e a relação de pais e filhos? Sim, é possível. E foi feito de forma brilhante e emocionada pelo cartunista nova-iorquino Art Spiegelman.

Lançada em 1986, a premiada Graphic novel Maus – A História de um sobrevivente narra a luta de Vladeck, polonês judeu para sobreviver a invasão alemã a seu país e ao campo de concentração de Auschwitz.

Apresentado em forma de fábula, os personagens são retratados como os alemães tratavam os povos e países – os judeus são ratos (maus em alemão), os franceses sapos, os suíços alces e os alemães como gatos.

Partindo das memórias de um já idoso Vladeck, vivendo em Nova York, a história conta como era vida antes da invasão alemã e tudo que desencadeou na vida desse vendedor: perseguições, ruína, prisão, separação da família, morte do filho e vai até seu reencontro com a esposa Alma, no fim da guerra, e a reconstrução de sua vida, primeiro na Suíça e depois na América.

Baseado numa história real, seria, pela história em si, algo já comovente e que se somaria às grandes obras que tratam do holocausto como o clássico O Diário de Anne Frank. Porém, o que carrega mais as tintas no plano emocional é que o autor da obra é filho do protagonista, então, além do valor histórico do relato, há a busca de um filho em entender e conhecer a fundo seu pai.

Como pano de fundo para as lembranças da Guerra podemos ver o filho tentando entender-se com um pai, que é uma pessoa difícil de se lidar devido a seus traumas. Um filho que busca uma explicação e aproximação com esse pai de quem se distanciou com a morte da mãe e com a saída de casa para sua vida adulta.

Numa linguagem associada a heróis poderosos e a histórias escritas para crianças e jovens, o texto torna-se relevante a medida que toca em dois temas mais profundos que são os horrores de um genocídio étnico e os conflitos de gerações, tão comumente vistos em grandes obras literárias. Por isso, posso responder com segurança: sim grandes textos cabem em linguagens como a das histórias em quadrinho. E essa é a dica dessa semana. Boa leitura e até a próxima.

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@kajotha