OSCAR 2014: PHILOMENA E NABRASKA – DOIS FILMES SENSÍVEIS E HUMANOS!

A coluna CINE VISTO vem analisando os filmes indicados ao Oscar de 2014. São nove ao todo.

A coluna CINE VISTO vem analisando os filmes indicados ao Oscar de 2014. São nove ao todo. Três produções já foram analisadas: Gravidade, Capitão Phillips, Trapaça, Ela, 12 Anos de Escravidão, Clube de Compras Dallas e O Lobo de Wall Street. Finalizamos, hoje, com as duas últimas produções: Philomena e Nebraska.

Ambos os filmes têm muito em comum: são filmes que tratam de relacionamentos entre pais e filhos, mesmo com panos de fundo diferentes.

Philomena

Philomena

O filme concorre em 4 categorias: Melhor Filme, Melhor Atriz (Judi Dench), Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Trilha Sonora.

Irlanda, 1952. Philomena Lee (Judi Dench) é uma jovem que tem um filho recém-nascido quando é mandada para um convento. Sem poder levar a criança, ela o dá para adoção. A criança é adotada por um casal americano e some no mundo. Após sair do convento, Philomena começa uma busca pelo seu filho, junto com a ajuda de Martin Sixsmith (Steve Coogan), um jornalista de temperamento forte. Ao viajar para os Estados Unidos, eles descobrem informações incríveis sobre a vida do filho de Philomena e criam um intenso laço de afetividade entre os dois.

Cena do filme Philomena

Temos aqui um dos mais tocantes filmes deste Oscar. Uma adaptação de um caso real sendo apresentada de maneira muito humana. Há duas relações muito interessantes: a de Philomena com o filho sumido e a da protagonista com o jornalista Martin em sua jornada.

Em princípio, Martin apenas quer uma boa história para o seu livro. Acha, no caso de Philomena, uma oportunidade muito boa. Mas essa aproximação entre os dois acaba se transformando em uma amizade. Martin começa a rever seus conceitos e acreditar em teorias que não via tanto sentido, como a capacidade de perdoar.

É impressionante como Dench consegue se superar a cada papel. Sua Philomena já é um dos maiores trabalhos da atriz. Uma das profissionais mais simples e minimalistas em cena. É tão natural sua interpretação que não há como não sentir e se sensibilizar pela história.

Um filme atinge a alma e nos faz refletir sobre nossas atitudes diante do que o mundo prega como correto.

Nebraska

O filme concorre em 6 categorias: Melhor Filme, Melhor Diretor (Alexander Payne), Melhor Ator (Bruce Dern), Melhor Atriz Coadjuvante (June Squibb), Melhor Roteiro Original e Melhor Fotografia.

Woody Grant (Bruce Dern) é um homem idoso que acredita ter ganhado US$ 1 milhão após receber pelo correio uma propaganda. Decidido a retirar o prêmio, ele resolve ir a pé até a distante cidade de Lincoln, em Nebraska. Percebendo que a teimosia do pai o fará viajar de qualquer jeito, seu filho David (Will Forte) resolve levá-lo de carro. Só que no caminho Woody sofre um acidente e bate com a cabeça, precisando descansar. David decide mudar um pouco os planos, passando o fim de semana na casa de um de seus tios antes de partir para Lincoln. Só que Woody conta a todos sobre a possibilidade de se tornar um milionário, despertando a cobiça não só da família como também de parte dos habitantes da cidade.

O mais poético dos indicados ao Oscar. Essa poesia está na relação íntima entre os personagens, a fotografia, a trilha sonora, as ambientações, o roteiro e a direção. Um filme obrigatório para aqueles que compreendem o cinema como a maior expressão de arte.

A relação entre o pai idoso e o filho já foi mostrado de diversas maneiras nas telonas, mas poucas nos levam a repensar nossas atitudes de maneira tão incisiva. Será que o idoso não pode sonhar? Por que apenas com as crianças é bonitinho? Wood acredita que ganhou um prêmio e isso traz ao personagem um novo objetivo.

Quando o nome de Bruce Dern foi anunciado entre os indicados, confesso que torci o nariz. Não pelo ator em si, mas porque tinha a sensação de que ele estava roubando o lugar de Joaquin Phoenix (Ela) ou de Tom Hanks (Capitão Phillips). Entretanto, após ver Nebraska, tive a certeza de que a vaga entre os indicados foi muito bem preenchida.

Não dá para falar do filme sem elogiar a atuação irresistível de June Squibb. Um trabalho tão interessante, tão simples, que parece que a atriz não faz esforço. É algo que soa até como despretensioso. Algo realmente muito puro e que mereceu sua indicação.
Um filme muito bonito, humano, sensível e puro.