Na Índia, comerciantes tornam-se vítimas de ataques hacker que exigem bitcoins

Hackers começaram a sequestrar dados e exigir pagamentos em bitcoin de pequenos comerciantes indianos, que passaram a ser as novas vítimas de ciberataques com o uso da moeda devido à falta de conhecimento sobre segurança digital, o que a polícia teme se tornar uma “moda” na capital Nova Délhi.

Três denúncias por parte dos pequenos empreendedores da capital indiana foram registradas. A mais recente, no último dia 5, reacendeu a polêmica sobre o uso da criptomoeda, que já chegou a ultrapassar a cotação de US$ 19 mil.

Nos ciberataques denunciados constatou-se que o hacker ‘rouba’ o conteúdo do computador e o mantém bloqueado como se fosse um “refém” digital até que se pague o resgate dos dados. Nos casos indianos, só se aceita o pagamento do ‘sequestro de dados’ com bitcoins.

O delegado adjunto do departamento policial de crimes virtuais, Sandip Lamba, afirmou à Agência Efe que “foi a primeira vez que os pequenos comerciantes em Délhi foram alvo” de ataques “ransomware”.

Segundo ele, os sequestros de dados dos pequenos comerciantes são uma “tendência” justamente por eles não saberem muito sobre segurança na rede, ao contrário das grandes companhias, que são mais difíceis de serem atacadas por terem sistemas protegidos.

Lamba acrescentou que há mais vítimas de crimes digitais na cidade, embora não haja um número oficial, porque, segundo ele, “muita gente não está disposta a prestar queixa na polícia”.

O delegado explicou que as vítimas dos crimes acabam pagando para que os hardwares dos computadores sejam “descriptografados”, mas isso não funciona, porque dar o dinheiro do resgate de dados não significa sucesso na recuperação das informações do disco.

O comerciante de ferramentas Mohan Goyal contou à Agência Efe que se surpreendeu quando encontrou seu computador bloqueado e com uma mensagem que exigia um pagamento em bitcoin para que o acesso aos dados fosse liberado.

“No início não entendi o que estava acontecendo e até hoje não sei como o ‘hackeamento’ ocorreu, porque tenho antivírus”, lamentou Goyal, que registrou a denúncia após constatar o bloqueio do sistema.

No caso do comerciante, os hackers pediram 3 bitcoins (cerca de R$ 140 mil). Goyal conseguiu explicar aos hackers que seu negócio era familiar e reduzir a cobrança para 0,12 bitcoin (R$ 5,5 mil).

Goyal decidiu não pagar e ir até a polícia para formalizar uma denúncia.

“O disco rígido não pôde ser descriptografado, mas pelo menos recuperei quase todos as informações do meu negócio graças às cópias de segurança”, contou Goyal.

Muitos especialistas consideram os ataques ransomware uma ameaça global, especialmente desde maio de 2017, quando o vírus ‘WannaCry’ afetou cerca de 200 mil sistemas em 150 países, como contabilizou o estudo “Global IT Security Risks Survey 2017”, organizado pelas companhias de segurança digital Kaspersky Lab e B2B International.

Na Índia, o governo já tomou providências para conter o uso do bitcoin para lavagem de dinheiro, como nos casos de sequestro de dados.

Em dezembro, investigadores do Departamento de Impostos da Índia fizeram uma megaoperação em casas de câmbio de bitcoin em Délhi, Bangalore, Hyderabad, Kochi e Gurgaon em busca de evidências sobre investidores e comerciantes, transações realizadas e contas bancárias que utilizaram a moeda criptografada.

EFE