Morre Jô Soares, aos 84 anos: relembre denúncia de golpe contra Dilma e combate ao bolsonarismo

Morreu, na madrugada desta sexta-feira (5), o ator, escritor, diretor e humorista Jô Soares, aos 84 anos. Ele estava internado desde 25 de julho no Hospital Sírio-Libanês para o tratamento de uma pneumonia.

A causa da morte ainda não foi divulgada. O enterro e velório do corpo de Jô serão reservados à família e amigos, em data e local ainda não informados.

Denúncia do golpe contra Dilma e críticas a Bolsonaro

Diferentemente do discurso dominante na TV Globo e entre as suas “meninas”, grupo de jornalistas que reunia nomes como Cristiana Lôbo, Lillian Witte Fibe, Ana Maria Tahan e Lucia Hippolito no “Programa do Jô”, Jô Soares dizia que o processo que levou ao impeachment de Dilma Rousseff (PT), em 2016, “tinha cheiro de golpe”.

“É por isso que eu digo, com todo respeito à minha amiga Lúcia: tem cheiro de golpe. Você querer usar isso para depor [a presidenta]…”, disse Jô, interrompido por Ana Maria Tahan, que soltou: “Você é ingênuo”. “Quem é ingênuo?”, indagou, explicando o que aconteceria com o golpe.

“Se acontecer [o impeachment], não vai ser possível dar um jeitinho. E é por isso que o Brasil não acaba. Com tudo isso, vai se ajeitando, quebrando um galho aqui e outro. Agora, o que estou falando, não é que não é necessário, mas pode chegar a uma consequência que seria muito mais prejudicial ao Brasil do que a Lei da Responsabilidade Fiscal”, afirmou

Jô também foi um dos poucos jornalistas a entrevistarem Dilma às vésperas do processo que levou ao golpe parlamentar. A entrevista aconteceu na madrugada de sábado, dia 13 de junho de 2015, e Jô foi massacrado por apoiadores do golpe na internet. Entre os detratores, estava o guru bolsonarista Olavo de Carvalho e o apresentador Danilo Gentili.

Críticas a Bolsonaro

Em dezembro de 2014, Jô repreendeu um rapaz que, durante o “Programa do Jô”, gritou em apoio ao então deputado Bolsonaro.

A edição do programa havia exibido um vídeo de Bolsonaro dizendo que não estupraria a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) porque ela “não merece”. O rapaz então gritou: “viva, Bolsonaro!”. Jô reagiu: “quem foi que gritou esse absurdo? Maluf está na plateia?”, questionou.

Anos depois, em novembro de 2019, quando o governo Bolsonaro estava perto de completar um ano, Jô comparou Bolsonaro a um animal e perguntou até quando o chefe do governo federal abusaria da paciência dos brasileiros.

Em carta aberta a Bolsonaro em junho de 2020, ele destacou as ligações de Bolsonaro com o nazismo, destacando o “SS” – uma referência à organização paramilitar do partido nazista – ao se dirigir ao ocupante do Palácio do Planalto. “VoSSa Redundância é o 1º presidente patafísico do mundo”.

Leia algumas publicações sobre a morte de Jô:

Imaginem a festa de Nair Bello e Hebe Camargo no reencontro com Jô Soares ✨ pic.twitter.com/p8NHDsHIa3

— Jeff Nascimento (@jnascim) August 5, 2022 O Programa do Jô Soares salvou muitas das minhas madrugadas. Numa época sem a internet como a conhecemos, era de lá que eu pescava várias recomendações de música, filme e leitura. Você via entrevistas brilhantes. E momentos constrangedores, tipo esse: pic.twitter.com/s2f3LS5dp3

— JaIrme’s Elections Race All Stars (@jairmearrependi) August 5, 2022 ?Uma palavra define Jô Soares: gênio. O Brasil empobrece sem esse grande artista do humor, da crítica social e política, da literatura, do teatro, mestre da entrevista. Fui fã desde sempre. Abraço e agradeço pelo tempo de convivência como “Menina do Jô”. https://t.co/OubnOpfpKv

— Flávia Oliveira (@flaviaol) August 5, 2022 Relembrando momentos bons: eu amo esse vídeo, da estreia do Jô na Globo. Ele vai deixar muita saudade ??pic.twitter.com/IN9e0txN3h

— Metrópoles (@Metropoles) August 5, 2022 Com informações da Rede Brasil Atual, da Revista Fórum e do Brasil247.

Edição: Vivian Virissimo