PE: Conheça história de 18 anos de combate à violência contra crianças e adolescentes no sertão

18 de maio é o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Infantil no Brasil. O Maio Laranja é uma das iniciativas que se propõe a dar visibilidade a este assunto. E é com o desafio de combater os diferentes tipos de violência contra crianças e adolescentes no Semiárido brasileiro que uma associação tem auxiliado crianças e adolescentes neste tema e na conquista dos seus direitos.

Sediada em Petrolina, sertão de Pernambuco, a Associação Civil de Articulação para a Cidadania (ACARI) desde 2005 tem o objetivo de promover a cidadania, a defesa de direitos e a luta pela democracia cultural, social e ambiental. Com uma equipe multidisciplinar, a ONG busca combater a violência e a exclusão social através de projetos socioeducativos

Ilze Braga, coordenadora da ACARI, explica como a iniciativa surgiu. “Existia um grande projeto que estabeleceu a ACARI aqui na região, que foi o Criança com Todos os seus Direitos. A gente atuava em 35 municípios de Pernambuco e trabalhávamos com a formação da rede de proteção, a formação de famílias para o atendimento integral das crianças na primeira infância. E aí depois desse projeto a ACARI começou a trabalhar com outras ações voltadas ao enfrentamento da violência”, relembra..

A associação atua na região do Médio São Francisco em parceria com outras entidades não governamentais e órgãos públicos, especialmente nos territórios pernambucano e baiano, contemplando também a cidade de Juazeiro (BA). Desde a sua fundação, mais de dez projetos foram realizados para garantir a educação e segurança de crianças e adolescentes.

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A prática começa com uma análise situacional das regiões, explica Ilze. “O público vai trazer os elementos que são necessários para bater com a missão da ACARI. Por exemplo, a gente fez uma análise situacional dos direitos da criança para começar o projeto anterior e a gente observou que as famílias tinham dificuldade no cuidar dos seus filhos. Então elas diziam assim: ‘a gente não sabe mais o que fazer, já fizemos de tudo, se a gente não bater não resolve’. Então a gente começou um trabalho de prevenção à violência a partir disso”, exemplifica a coordenadora.

Uma das instituições parceiras deste trabalho em rede da ACARI é a Associação Madre Maria das Neves, que recebeu o projeto “Bem Me Quer” em Petrolina. A ação busca proporcionar uma convivência familiar mais saudável e combater o uso da violência psicológica e física contra as crianças e adolescentes.

A diretora da associação, Joelma Gomes, destaca a importância da parceria com a ACARI. “Esse projeto trabalha a questão dos vários tipos de violência, enfatizando a violência psicológica e a violência física. A forma como a ACARI atua é uma forma muito participativa, acessível e dinâmica onde se ajuda muito a interação entre a equipe educativa, a comunidade, os pais e as crianças”, afirma.

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Joelma explica que além de identificar os problemas, o projeto atua na perspectiva de mudar a cultura de convivência das famílias. “Esse projeto tem auxiliado bastante no combate à violência física e sexual, aliás, todos os tipos de violência. Em primeiro lugar, porque nos dá oportunidade, a equipe educativa, aos pais, as crianças, a identificarmos os vários tipos de violência. A partir dessa identificação temos a oportunidade de mudança de cultura”.

Nesses 18 anos, a ACARI não somente se tornou uma referência no combate à violência e à exclusão social, mas também promoveu a diferença na vida de crianças e adolescentes através da educação e da arte, ampliando as oportunidades para que os pequenos cresçam num ambiente livre de violência. 

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Fonte: BdF Pernambuco

Edição: Vanessa Gonzaga