Movimento Negro da Paraíba debate o 13 de maio até domingo em João Pessoa

A desconstrução do 13 de Maio é a pauta do I Encontro de Lideranças Negras, a partir desta sexta-feira,  26, no Centro de Atividades e Lazer Padre Juarez Benicio, em Gramame, João Pessoa, Paraíba. O evento se encerra no domingo, com o relançamento do Observatório Paraibano Antirrasismo – OPA.

A coordenadora Executiva da Marcha da Negritude Unificada/ PB, Marli Soares, explica que as relações raciais no contexto brasileiro são marcadas por profundas desigualdades. Vale destacar que ainda se faz necessário mencionar a questão racial porque essa ainda é um determinante para as relações individuais e subjetivas, institucionais e estruturais. De uma lado, a branquitude impregnada de privilégios e do outro as pessoas negras vivenciando os piores indicadores “Por essa razão é que se faz necessário desconstruir o 13 de maio, para que possamos desenvolver estratégias, que objetivam enfrentar a problemática do racismo. Sem dúvida estamos em sociedade de classe, entretanto a raça informa a classe, isso por razões históricas que desenharam essa sociedade” destaca a ativista negra. 

Segundo Marli, a poetiza Luciene Nascimento escreveu que a “sociedade é construção e o racismo é o cimento, componente estrutural, formador fundamental do interior e do acabamento” . No entanto, o 13 de maio está inacabado, por que ainda não usufruímos de condições dignas de existência. Repensar e ressignificar essa data se faz necessário para desconstruir a história mal contada que apagou o protagonismo de nosso povo, que tencionou por meio da luta o processo de ruptura com o sistema escravocrata.

O Encontro tem como tema: “Desconstruindo o 13 de maio: Novos cenários, velhos desafios”. Ela explica que o momento é para que “retomemos o protagonismo dessa história que sempre nos pertenceu, mas também para relançar o OPA, espaço de denúncia, inquietação e anseio por uma sociedade mais justas, que nos mata por ação e por omissão e compromete as nossas existências. Não só hoje, mas ao longo da história. Tudo isso se dá por um tipo de abolição inconclusa”. 

Marli lembra que a historia do povo negro no Brasil, não começou ontem e nem a luta por liberdade e direitos. “Nossa luta não começou ontem, não começa hoje. Nossos ancestrais um dia ousaram sonhar com a liberdade, e nós somos frutos desses sonhos. Somos frutos de uma gente que sobreviveu ao horror com altivez, de uma gente que sonhou com um futuro diferente. Somos frutos de teóricos e militantes como Abdias Nascimento, Lélia Gonzáles, Guerreiro Ramos, que há muito tempo denunciam a farsa da abolição”.