Estudo da NASA

Calor pode deixar Brasil inabitável até 2070? Saiba a verdade

Especialistas esclarecem estudo da NASA e desmentem rumores

Ondas de calor no Brasil em 2024. Foto: Reprodução/Metsul
Ondas de calor no Brasil em 2024. Foto: Reprodução/Metsul

Rio de Janeiro – Especialistas negam que um estudo da NASA, agência espacial dos Estados Unidos, tenha previsto que o Brasil ficará inabitável em cerca de 50 anos por conta de altas temperaturas.

A pesquisa, publicada em 2020 na “Science Advances”, analisou dados históricos, mas não fez projeções alarmantes para 2070, como sugerem publicações nas redes sociais.

Resumo da Notícia

  • Estudo da NASA não projeta Brasil inabitável até 2070.
  • Publicações nas redes sociais distorcem os resultados da pesquisa.
  • Pesquisadores analisaram dados históricos entre 1979 e 2017.
  • Especialistas em mudanças climáticas desmentem rumores.

Detalhes do Estudo

O estudo foi realizado em 2020 e publicado na Science Advances, uma das revistas científicas mais respeitadas do mundo. Liderado por Colin Raymond, pesquisador da NASA, a pesquisa mapeou temperaturas do bulbo úmido, uma medida que relaciona calor e umidade do ar para avaliar o estresse térmico. Segundo o estudo, a Terra chegou ao limite de 35ºC do bulbo úmido somente duas vezes no período analisado, em países do sul da Ásia, litoral do Oriente Médio e litoral sudoeste da América do Norte.


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Declarações de Especialistas

Pedro Camarinha, PhD em mudanças climáticas e pesquisador no Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), afirmou que não existe “qualquer base científica” para dizer que o Brasil ficaria inabitável com base no estudo. A projeção que circula nas redes é uma distorção dos resultados, segundo ele.

A climatologista e divulgadora científica Karina Lima reforça que a projeção não aparece na pesquisa e que não é possível afirmar que o Brasil tem um prazo de 50 anos para se tornar inabitável com base nas informações do estudo. “É um salto grande em relação às conclusões deste estudo específico. É cravar algo que este estudo não cravou,” afirmou Karina ao g1.

Projeções Futuras

Dois anos após a publicação do estudo, Colin Raymond foi questionado sobre possíveis projeções futuras. Ele afirmou que a projeção é difícil de ser feita e que o processo é complexo. Alguns modelos climáticos avaliam que algumas regiões podem exceder temperaturas extremas nos próximos 30 a 50 anos. Raymond citou como exemplos o Brasil, Ásia, Golfo Pérsico e o Mar Vermelho, mas esclareceu que isso não significa que essas regiões ficarão inabitáveis.

Conclusões do Estudo

O estudo da NASA analisou dados históricos entre 1979 e 2017, sem fazer projeções específicas para 2070. Os cientistas observaram que as temperaturas do bulbo úmido estão aumentando ao longo do tempo, mas não indicaram que o Brasil ou qualquer outra região se tornaria inabitável. A distorção das conclusões do estudo gerou desinformação nas redes sociais.

Perguntas Frequentes

O estudo da NASA realmente prevê que o Brasil ficará inabitável até 2070?

Não, o estudo da NASA não faz essa previsão. As informações que circulam nas redes sociais são distorções do estudo original.

Qual foi o foco do estudo da NASA?

O estudo focou na análise de temperaturas do bulbo úmido entre 1979 e 2017, sem fazer projeções específicas para o futuro.

O que disseram os especialistas sobre o estudo?

Especialistas como Pedro Camarinha e Karina Lima negam que o estudo da NASA preveja o Brasil inabitável até 2070 e esclarecem que as informações foram distorcidas.

Quais regiões podem enfrentar temperaturas extremas no futuro?

Alguns modelos climáticos indicam que regiões como Brasil, Ásia, Golfo Pérsico e o Mar Vermelho podem enfrentar temperaturas extremas, mas isso não significa que ficarão inabitáveis.