Arte e Memória

Atividades culturais celebram legado de Abdias Nascimento na Pequena África (RJ)

Exposição “Abdias Nascimento: sujeito coletivo”, “Cine Jardim” ao ar livre e homenagem a Rubem Confete movimentam Casarão Cultural João Alabá no Jardim Suspenso do Valongo em 20 de julho

Atividades culturais celebram legado de Abdias Nascimento na Pequena África (RJ)
Atividades culturais celebram legado de Abdias Nascimento na Pequena África (RJ)

Como parte das celebrações do *Biênio Abdias Nascimento (2024-2025), o Ipeafro, Cultne e Cena Portuária realizam uma série de atividades na região central do Rio de Janeiro, conhecida como Pequena África, um local histórico que recebeu o maior número de pessoas negras escravizadas na história da humanidade. No dia 20 de julho, às 16h, o salão principal do Casarão Cultural João Alabá no Jardim Suspenso do Valongo receberá a exposição “Abdias Nascimento: sujeito coletivo”. A mostra apresentará réplicas das pinturas de Abdias em diálogo com dois painéis inéditos, criados coletivamente durante quatro edições da Oficina Criativa Abdias Nascimento, ministradas no local. A exposição ficará em cartaz até o dia 25 de agosto de 2024. Além da mostra física, no mesmo dia, uma experiência virtual em realidade aumentada será lançada nos perfis do Ipeafro (@ipeafro) e do Museu de Arte Negra (@museudeartenegra) no Instagram, que exploram as pinturas de Abdias com efeitos especiais. O link para acessar a experiência ficará disponível a partir do dia 20: https://www.instagram.com/ar/1855637081588217 

No mesmo dia 20 de julho, às 19h, o Casarão Cultural João Alabá no Jardim Suspenso do Valongo sediará mais uma edição do Cine Jardim, sob a curadoria de Dom Filó. Esta edição exibirá documentários sobre a cultura negra, com destaque para o filme “Abdias Nascimento: Memória Negra”, dirigido por Antônio Olavo. Após a exibição, haverá um debate com Dom Filó, CEO e fundador da Cultne TV e Julio Menezes Silva,  jornalista e  co-gestor do Ipeafro. Os eventos são gratuitos, com direito a pipoca e churros. O projeto “Cine Jardim” ocorre mensalmente, no terceiro sábado do mês, com previsão de término em 21 de dezembro. Em sua terceira edição, o evento tem destacado os protagonismos de pessoas negras, LGBTQIAAPN+ e PcDs, e continuará oferecendo pipoca e churros gratuitamente.

Atividades culturais celebram legado de Abdias Nascimento na Pequena África (RJ)
Foto: Divulgação

Entre as presenças ilustres confirmadas estará uma em especial: Rubem Confete. Radialista carioca conhecido como o Griô do Samba, ele tem 87 anos dedicados à valorização da cultura negra atuando como compositor, jornalista e estudioso das questões afro-brasileiras. O salão principal do Casarão João Alabá será batizado no dia 20 de julho com o seu nome. Confete teve importância para o espaço, sendo um de seus principais incentivadores. Participam da homenagem Yago Feitosa, da Coordenadoria da Igualdade Racial do Município do Rio e Edson Santos, vereador e ex Ministro da Igualdade Racial.

As atividades contam com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, por meio de incentivo fiscal, e da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, com recursos da Lei Paulo Gustavo. Para um dos idealizadores, Thiago Viana, o filme sobre Abdias Nascimento “é um registro significativo que percorre diversos momentos da vida de Abdias e inclui depoimentos do próprio Abdias Nascimento. Além disso, traz diversos registros históricos relevantes a partir do acervo do Ipeafro, organização fundada por Abdias em 1981 e que dá seguimento a sua luta”, explica. Para Julio Menezes Silva, a consolidação do legado de Abdias Nascimento do museu pensado por ele é, acima de tudo, um ato de reparação:

“Há quase 75 anos, um grupo de intelectuais vislumbrou a criação de um espaço museológico que pudesse abrigar toda a diversidade artística sistematicamente e historicamente excluída das artes. Nós, do Ipeafro, cuja missão é difundir o legado e o acervo de Abdias Nascimento em múltiplas linguagens, vemos na realização da Ocupação Abdias no Casarão um ato de justiça para com aqueles que ousaram sonhar e plantar as sementes emancipatórias que colhemos na atualidade”, afirma Julio.

SERVIÇO | PROGRAMAÇÃO Ocupação Abdias no Casarão Cultural João Alabá no Jardim Suspenso do ValongoEndereço: Rua Camerino s/n (em frente ao 48) – Centro do RioData: 20 de julho (sábado)
Entrada: gratuitaHorários:– 15h | abertura dos portões
– 16h | abertura da exposição Abdias Nascimento: Sujeito Coletivo
– 17h | homenagem ao Rubem Confete
– 19h | sessão do filme Abdias Nascimento: Memória Negra, de Antônio Olavo. Em seguida, debate com Dom Filó e Julio Menezes Silva. Para assistir ao filme do Cine Jardim, é preciso pegar gratuitamente o ingresso na plataforma virtual Sympla. Para isso, acesse o link:
https://www.sympla.com.br/evento/abdias-nascimento-memoria-negra-de-antonio-olavo/2534385
Acessibilidade: o acesso ao casarão não é fácil e se dá por meio de uma escadaria
Apoio: Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, por meio de incentivo fiscal, e da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, com recursos da Lei Paulo Gustavo.
Realização: Ipeafro, Cultne, Casarão Cultural João Alabá e Cena Portuária

Sobre Abdias Nascimento (1914 – 2011)Poeta, dramaturgo, artista plástico e ativista pan-africano, foi deputado federal, senador da República e Professor Emérito da Universidade do Estado de Nova York (EUA). Fundou o Teatro Experimental do Negro em 1944. Organizou em 1950 o 1o Congresso do Negro Brasileiro, que decidiu pela necessidade de se criar um Museu de Arte Negra. Abdias atuou como curador do projeto de 1950 até 1968. No exílio durante o período do regime autoritário, ele continuou colecionando obras doadas à coleção por artistas africanos e da diáspora, colecionando contatos com artistas e formando um Museu de Arte Negra. A partir de 1968, ele desenvolveu seu próprio trabalho na pintura e exibiu em museus, galerias e universidades em todas as regiões dos Estados Unidos. Continuou pintando na volta ao Brasil, onde fundou o IPEAFRO, que realizou exposições em museus e instituições culturais em Paris e em várias cidades do Brasil. A retrospectiva de seus 90 anos de vida ocupou todos os espaços expositivos do Arquivo Nacional do Rio de Janeiro em 2004, seguindo para Brasília e Salvador em 2006. Sua individual marcou a agenda de 2019 no Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Niterói com seminário de curadores e artistas negrxs. Em 2020, sua individual no Festival Sonsbeek, agendada pelo Museu Krôller-Müller na Holanda, foi postergada em função da pandemia. De 2021 a 2024, o seu legado e do Museu de Arte Negra ocuparam diversos espaços do Instituto Inhotim. Em 2024, teve o nome inscrito no livro de Heróis e Heroínas da Pátria.

Sobre Casarão Cultural João AlabáEm maio de 2022, após dois anos fechado devido à pandemia, o antigo edifício da Casa da Guarda foi transformado no Casarão Cultural João de Alabá, em homenagem ao babalorixá pioneiro do Candomblé no Rio de Janeiro. O espaço, localizado na Rua Barão de São Félix, nº 174, é um centro multicultural que promove a educação social, ambiental e patrimonial por meio da cultura e da arte. Lá, ocorrem exposições, passeios guiados, oficinas, cursos livres, peças teatrais, projetos musicais, lançamentos de livros, festas temáticas e cinema. O Casarão também abriga um café e uma loja de souvenirs, sendo gerido pelo Instituto Cena Portuária. Reconhecido como um Ponto de Memória pelo IBRAM, integra o Circuito Histórico e Arqueológico da Herança Africana e apresenta uma exposição permanente do acervo da UNESCO sobre o Valongo.

Sobre IpeafroFundado por Abdias Nascimento e Elisa Larkin Nascimento, em 1981, o Ipeafro é uma associação sem fins lucrativos com sede no Rio de Janeiro. Sua missão é preservar, gerir, articular e difundir o acervo de Abdias Nascimento para a permanência de memória e resistência. O acervo contém uma coleção museológica da própria produção artística de Nascimento e da coleção do projeto Museu de Arte Negra, que nasceu da atuação do Teatro Experimental do Negro, fundado e dirigido por Nascimento a partir de 1944. Seu acervo documental reúne a iconografia e os documentos de texto (recortes de jornais e revistas, programas teatrais, manuscritos, correspondências, registros de sua atuação parlamentar, etc.) dele e das organizações que ele criou. O conteúdo do acervo possibilita múltiplas expressões nos mais variados contextos. Com base no conteúdo do acervo, o Ipeafro desenvolve ações na área do ensino da história e cultura africana e afro-brasileira através de exposições, fóruns, cursos, oficinas e publicações. O Ipeafro disponibiliza e difunde o conteúdo do acervo também por meio de seu site e outros canais na internet.

Biênio Abdias Nascimento (2024 – 2025)Em 2024, celebra-se o 110º aniversário de Abdias Nascimento e os 80 anos da fundação do Teatro Experimental do Negro (TEN). Também em 2024, o nome de Abdias Nascimento foi inscrito no livro de Heróis e Heroínas da Pátria. O ano de 2025 marca os 80 anos da estreia do TEN no Theatro Municipal do Rio de Janeiro em 8 de maio de 1945; os 75 anos do 1º Congresso do Negro Brasileiro, realizado pelo TEN no Rio de Janeiro em 1950, quando foi lançada a proposta do Museu de Arte Negra; e os 70 anos do concurso de artes visuais sobre o tema do Cristo Negro, realizado pelo TEN como parte do projeto Museu de Arte Negra em 1955. O Biênio Abdias Nascimento 2024-2025 inclui uma série de atividades e eventos em torno dessas datas comemorativas, como lançamentos de livros, exposições, seminários e outras ações destinadas a articular, gerir, preservar e difundir o acervo e o legado de Abdias Nascimento em múltiplas linguagens.