Cidade das Artes reúne diversas linguagens artísticas

A partir desta quinta-feira (22/09) até domingo (25/09), a Cidade das Artes Bibi Ferreira será palco de “Uma aventura chamada Brasil – Independência e Identidades”

A partir desta quinta-feira (22/09) até domingo (25/09), a Cidade das Artes Bibi Ferreira será palco de “Uma aventura chamada Brasil – Independência e Identidades”, evento gratuito que celebra o bicentenário da data histórica propondo ao público uma mistura de linguagens e referências artísticas. Idealizado pela produtora Bianca De Felippes, Neila Tavares e pelo diretor Moacyr Góes, o encontro faz parte da agenda de comemorações da Prefeitura do Rio, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, e conta com atrações como o musical inédito e homônimo dirigido por Moacyr Góes e estrelado por Zélia Duncan; o espetáculo “RIMA”, de Antônio Nóbrega; os “Debates Eleitos”, elaborados por Michel Melamed reunindo historiadores, jornalistas e pensadores; e registros fotográficos de Cafi na exposição “Um Olhar Brasileiro”, realizada sob curadoria de seu filho, Miguel Colker.

Durante quatro dias, a Cidade das Artes será transformada num centro de produção artística e intelectual. Para Moacyr, o fundamental é comemorar o bicentenário a partir da ideia de que a cultura e a arte respondem por um país que é imaginado por todos.

– E esta imaginação é determinada por uma coisa que é absolutamente incrível e inalienável, que é a diversidade da cultura brasileira. Este caldeirão de referências, raças, pessoas, pensamentos, posturas e manifestações artísticas são tanto a alma do espetáculo, quanto do evento – diz o diretor.

UMA AVENTURA CHAMADA BRASIL – O MUSICAL – Grande Sala – 22/09 às 20h; 23/09 às 14h (escolas) e 20h; 24/09 às 15h30 – sessão com intérprete de libras.

Sob direção, texto e organização de Moacyr Góes, cinco atores-cantores, seis bailarinos e cinco músicos compõem a montagem inédita “Uma aventura chamada Brasil”, trazendo à cena um apanhado artístico sobre o país. E como encaixar 200 anos de vivências artísticas não seria possível num espetáculo de 1h30, a filtragem do repertório chegou a 23 canções adornadas por projeções, textos e poesias, tendo na personagem de Zélia Duncan a responsável por costurar a história, estimulando uma reverência à diversidade que constitui o país.

Com um recorte temporal, mas sem fazer uso de uma perspectiva historicista, o repertório inclui desde os primeiros registros fonográficos do Brasil, passeando pelos lundus, vindos da presença africana e que dão origem ao samba, e seguindo por um Brasil moderno, mas também um Brasil de litoral, da bossa nova, contemplando a Tropicália e o pagode; e ainda o country e o sertanejo, que Moacyr considera um Brasil profundo:

– É tudo junto o tempo inteiro, não nos debruçamos sobre nada especificamente. Não é um drama linear. Tem dança afro, mas também temos o ‘Hino do Senhor do Bonfim’, que é exatamente uma tradução incrível de como o sincretismo mudou muita coisa. A perspectiva histórica se dá através da arte, desde música indígena, o fado, advindo da presença portuguesa, até o funk. Mas toda tradução é artística.

– Moacyr e eu temos uma história longa, que vem desde a década de 1990, quando fiz a CAL pela primeira vez e o tive como professor. Sempre o admirei demais, por sua perspicácia, sua visão do palco, do ofício do ator e sua enorme sensibilidade. É um cara que gosta de pensar e pensa junto. Confio no seu olhar sobre o Brasil e por isso aceitei o convite com entusiasmo. O elenco é lindo e o tema interessa a todos nós. Pensar e lembrar que o Brasil é diverso e por isso tem beleza e singularidade, é matéria urgente de nossas vidas. A arte é antídoto e podemos mudar o rumo das coisas com amor, atitude e coragem – reitera Zélia Duncan.

Os ingressos serão disponibilizados gratuitamente no site da Cidade das Artes, por meio da plataforma Sympla, e também 1h antes de cada apresentação na bilheteria do teatro.

EXPOSIÇÃO – “UM OLHAR BRASILEIRO” [Foyer da Grande Sala – 22 a 25/09]

Sob a batuta de Miguel Colker está “Um olhar brasileiro”, exposição fotográfica que reúne 15 registros minuciosamente selecionados dentre os mais de 70 mil realizados ao longo da trajetória profissional de Cafi (1950 – 2019). Com três curadorias no curriculum, quando foi convidado para assinar a deste evento o jovem artista teve a ideia de homenagear seu pai, levando em conta todo potencial artístico dos registros fotográficos do pernambucano, famoso pela criação das mais de 300 capas de LP’s de artistas nacionais:

– Eu cresci com estas fotografias fazendo parte do meu campo visual de entendimento da vida, e elas criaram a dimensão que eu hoje tenho do que é ser brasileiro. Como desde 2020 venho catalogando e digitalizando a obra do meu pai, eu apenas dei continuidade no trabalho de me aprofundar nessas fotografias.

ESPETÁCULO “RIMA” – ANTÔNIO NÓBREGA [Grande Sala – 25/09 – 19h]

Inédito no Rio de Janeiro, cidade onde Antônio Nóbrega não se apresenta desde 2016, o espetáculo “RIMA” foi construído pelo artista ao longo dos últimos anos, período em que se dedicava prioritariamente à construção de espetáculos de dança. Com o novo trabalho, Nóbrega aspira difundir a diversidade de modelos de estrofes e rimas criados pelos poetas populares, especialmente os da região nordestina, onde floresceu uma vasta gama de modalidades poéticas.

– Desde que tomei conhecimento da poesia popular brasileira, logo percebi que ela configurava um edifício simbólico de muitos andares – analisa Antônio.

Esse conhecimento se deu tanto por meio da sua convivência com repentistas e emboladores, quanto pela leitura das obras dos grandes escritores e documentadores da poesia popular como Leonardo Mota, Câmara Cascudo e Mário de Andrade.

No repertório do espetáculo estão canções compostas em parceria com os poetas e letristas Bráulio Tavares e Wilson Freire e o músico Rodrigo Bragança, além de obras de Violeta Parra (‘Volver a los Diecisiete’), Guerra Peixe (‘Mourão’) e Noel Rosa (‘Três Apitos’). Dentre as canções da apresentação está “Minha Voz não Silencia Porque Poeta não Cala”, lançada em agosto como single do novo álbum. Com ritmo acelerado e mensagem urgente, a letra se insere dentro do espírito do “Grito do Mundo” e reafirma o compromisso da canção com as questões do tempo em que vivemos.

“DEBATES ELEITOS” POR MICHEL MELAMED [Teatro de Câmara, 24/09]

A cargo de Michel Melamed estão os “Debates Eleitos” da programação, uma série de encontros com diferentes representantes do pensamento brasileiro. Através de papos informais, brincando com a estrutura do debate eleitoral, cada um dos três debates contará com um(a) mediador(a) e cinco convidados(as). Todos ocorrerão no dia 24 de setembro, sábado, às 11h, 13h e 17h, na Cidade das Artes, terão público presencial e também serão transmitidos ao vivo via internet. No local haverá ainda um intérprete de libras.

– Cada mesa terá os temas formulados pelo mediador convidado. Mas, de maneira ampla, a ideia é pensar o país por ocasião do Bicentenário da Independência. Dentro dos limites de tempo, espaço, convidamos pessoas de diferentes áreas do pensamento comprometidas com a democracia. Queremos contribuir para a busca de caminhos para a reconstrução e fortalecimento da democracia no Brasil neste momento de tão grave ameaça – sintetiza o artista curador.

No palco, seis púlpitos. No púlpito destinado ao mediador(a), um pequeno globo cromado de bingo com números de 1 a 10. O(a) mediador(a) confeccionará dez perguntas relacionadas ao Bicentenário e ao país hoje. Elas serão numeradas de 1 a 10 e duas delas sorteadas para cada convidado. Réplicas e tréplicas são bem-vindas, tendo em mente que a duração de cada encontro é de até 90 minutos.

Os ingressos serão disponibilizados gratuitamente no site da Cidade das Artes através da plataforma Sympla a partir do dia 19/09 para o ingresso presencial e também 1 hora antes de cada apresentação na bilheteria do teatro.

Encontro 1 – 11h

1 – Carlos Fico

2- Jota Marques

3 – Michel Melamed (Mediador)

4 – Michele dos Ramos

5 – Viviane Mosé

Encontro 2 – 13h

1 – Benny Briolly

2 – Gilberto Porcidônio

3 – Miguel Jost

4 – Marcos Veras (Mediador)

5 – Renata Tupinambá

6 – Pedro Abramovay

Encontro 3 – 17h

1 – Cristina Serra

2 – Elisa Lucinda (Mediadora)

3 – Laura Astrolábio

4 – Leandro Demori

5 – Tiago Rogero

6 – Cecília Oliveira

Cidade das Artes: Av. das Américas 5.300, Barra – 3325-0102. Qui a dom (22 a 25/9), em diversos horários. Ingressos gratuitos no Sympla. Livre