“O cachorro que se recusou a morrer” chega ao Teatro Brigitte Blair

Foto: Fernando Valle

“O cachorro que se recusou a morrer”, novo espetáculo multimídia do ator-autor-poeta Samir Murad, que divide a direção com Delson Antunes, chega ao Teatro Brigitte Blair.

O argumento da peça deriva das memórias e das histórias contadas pelo pai de Samir: um imigrante libanês em sua luta pela sobrevivência numa terra estranha. Conflito, êxodo, o novo mundo, casamento por encomenda, saúde mental afetada, são conteúdos que, como um mascate andarilho, o ator mambembe carrega em sua mala e que pretende vender ao seu público. Em cena, a memória afetiva mistura tempos e espaços, tocando uma dimensão onírica do real. Dessas referências nasce um contato intimista e revelador entre artista, teatro e espectador.

“Quero lhes apresentar essa história porque acredito que ela cumpre a função essencial do Teatro: emocionar e provocar uma reflexão sobre a condição humana. Depois da trilogia Teatro, Mito e Genealogia – a partir de uma pesquisa de linguagem cênica, baseada em conceitos e práticas teatrais de Antonin Artaud, proponho com “O cachorro que se recusou a morrer” uma nova forma de narrativa, mais simples, mais contida e essencial. Meu foco, aqui, é a alma do texto. O diálogo com o público”, declara Samir Murad.

“O cachorro que se recusou a morrer” aborda um casamento por encomenda e uma tríade formada pelo pai, a mãe e a irmã mais velha, afetada mentalmente (inclusive por internações) pelo casamento sem amor dos pais. Marcas que, certamente, não desvanecem e perpassam por toda a relação familiar do autor-ator, extraídas não apenas de suas memórias, mas de relatos gravados por seu próprio pai antes de falecer.

Em “O cachorro que se recusou a morrer”,  o texto oscila entre o drama e o humor, trazendo à cena uma cultura machista, forjada em dogmas religiosos que até hoje permeiam a maioria dos lares brasileiros. Aliás, em alguns momentos, projeções mesclam imagens criadas com fotos reais antigas, assim como da casa onde tudo se passou, o que acentua o clima dos escombros da memória. Além disso, a forte presença da trilha sonora, marca a cultura árabe familiar. Não faltam ao espetáculo os gestos, a mímica e as pantomimas que emprestam emoção à palavra.

 Com vistas a promover a aproximação de libaneses e judeus, em uma ação social que tem o Teatro como veículo de discussão para uma temática comum a ambos os povos, que é a imigração e o consequente choque de culturas, no início de fevereiro o espetáculo realizará três apresentações na Associação Sholem Aleichem – ASA, localizado na Rua São Clemente, 155, Botafogo, onde abriga um rico e vasto movimento cultural. Reforçando essa tendência o espetáculo abrirá um debate público após cada sessão com convidados especializados para o colóquio.

Serviço
Temporada: 6, 13, 20 e 27 de janeiro, sextas-feiras, às 20h.
Local: Teatro Brigitte Blair (Endereço: Rua Miguel Lemos, 51-H, Copacabana)
Próximo a Estação Cantagalo do Metrô Rio.
Vendas na bilheteria do Teatro ou pelo site https://www.sympla.com.br
Capacidade de público: 200 pessoas
Classificação: Não recomendado para menores de 10 anos.