A floresta “desencantada” de Andréa Brächer noCentro Cultural Correios

O universo misterioso e difuso das fábulas e as origens da fotografia inspiram o olhar da artista e se traduzem em obras de grandes dimensões presentes na mostra “Aragem Ramagem”.

A artista visual Andréa Brächer remete às origens da fotografia e às florestas do conto de João e Maria na exposição “Aragem Ramagem”, com curadoria de Eder Chiodetto. A mostra a ser inaugurada na quinta-feira (13/4), às 16h, fica em cartaz até o dia 27 de maio no Centro Cultural Correios, na Rua Visconde de Itaboraí, 20, Centro, Rio de Janeiro. A visitação é de terça a sábado, das 12h às 19h. Entrada franca.

“’Aragem Ramagem’ tem por ponto de partida o momento em que os irmãos João e Maria ­– do conhecido conto de tradição oral coletado pelos irmãos Grimm – são abandonados e ficam perdidos numa densa floresta, entregues às ramagens e à própria sorte”, explica Chiodetto. “Em sua produção, a artista visual Andréa Brächer se esmera em investigar instâncias psicológicas do ser humano, por meio de atmosferas que suas séries materializam, tendo por referência universos oníricos que ela encontra em fábulas infantis, contos de horror e sonhos”, complementa.

Andréa Brächer - Foto: Leonardo Kerkhoven
Obra de Andréa Brächer – Foto: Leonardo Kerkhoven

O curador conta que, para realizar um ensaio fotográfico inspirado por esse retorno do homem ao seu habitat primitivo, a artista investiga as técnicas fotográficas surgidas tão logo a fotografia foi inventada, no século XIX, mesma época em que “João e Maria” foi escrito pelos Irmãos Grimm. “Andréa utiliza um misto de técnicas que ela cria tendo por referência a corrente pictorialista. Tais procedimentos visam sequestrar a nitidez da imagem, além de gerar mutações cromáticas que criam um hiato na temporalidade dessas obras”, observa Chiodetto.

A série é composta por 21 obras de grandes dimensões (algumas chegam a medir 1m por 1,50m), produzidas na técnica histórica fotográfica do cianótipo, tonalizada com erva-mate e ampliada em papel fotográfico. “A cianotipia é um processo descoberto em 1842 por Sir John Herschel, e tem como base sensibilizadora os sais de ferro (ferricianeto de potássio e citrato férrico amoniacal). Durante o século XIX e XX, diversos fotógrafos, profissionais e amadores, e artistas utilizaram a técnica com intenções distintas e eu retomo essa técnica em minha obra”, explica a artista.

Obra de Andréa Brächer - Foto: Leonardo Kerkhoven
Obra de Andréa Brächer – Foto: Leonardo Kerkhoven

Natural de Porto Alegre, Andréa Brächer é artista desde o fim dos anos 90. Suas exposições individuais mais destacadas ocorreram nos museus MARGS, MARCO e MAB. Tem trabalhos publicados sobre fotografia histórica/alternativa no Brasil e no exterior. Suas obras integram em acervos públicos e coleções privadas. Sua proposta de base fotográfica busca refletir sobre o universo onírico, por vezes, fantasmático, de fabulações, invenções e de sonho. No doutorado, Andréa desenvolveu uma produção voltada para o universo infantil, a partir da leitura de contos de fadas e de horror, assim como da história da fotografia. Atualmente, é docente no Instituto de Artes/UFRGS. Concluiu o PhD em Poéticas Visuais no PPGAV do Instituto de Artes da UFRGS em 2009. Também é fundadora e coordenadora do Grupo Lumen – de Estudos em Processos Fotográficos Históricos e Alternativos – UFRGS.

Serviço:
“Aragem Ramagem” por Andréa Brächer
Local: 
Centro Cultural Correios – Rio de janeiro (Rua Visconde de Itaboraí, 20 – Centro, Rio de Janeiro – RJ)
Visitação: 
13 de abril a 27 de maio
Horário: terça a sábado, das 12h às 19h
Entrada: 
gratuita
Classificação: livre
Informações: (21) 2253-1580 / E-mail: [email protected]
A unidade conta com acesso para pessoas cadeirantes e limita a quantidade de visitantes, visando a não aglomeração. No local é recomendado o uso de máscaras.