“Menina Lua” aborda a relação com as próprias emoções

Foto: Códigos.art (Daniel Debortoli e Viviane Dias) | @estudiocodigosSe a lua respondesse às nossas inquietações, o que ela nos diria? Foi partindo desta pergunta, realizada repetidas vezes ao longo da pandemia, que a atriz Luiza César deu início à elaboração do seu primeiro solo, “Menina Lua”, que aborda a importância do contato com as próprias emoções em meio às mudanças e reviravoltas da vida.

A peça conta a história de Lara, uma jovem adulta que observa e sempre sentiu uma conexão profunda com a lua desde pequena, e esse foi um dos principais motivos que a impulsionou a embarcar em sua primeira grande aventura: a experiência de morar sozinha.

Narrativo e musicado ao vivo pela musicista Katarina Assef, “Menina Lua” dialoga com o público jovem e adolescente, acostumado com o tempo mais acelerado e tecnológico da internet e que nem sempre possui diálogos eficientes sobre as profundezas emocionais. A trama abarca as dúvidas, emoções, vazios e pensamentos acelerados da juventude, que costumam deixar os sentimentos todos misturados, usando as fases lunares como guias na trajetória de Lara ao longo da peça e de todas as transições pelas quais ela passa.

“O texto surgiu em casa, na pandemia, no momento de maior contato comigo mesma que eu já tinha tido na vida. Com tudo isso em mente, deixei as palavras ecoarem e a história saiu quase sozinha. É inexplicavelmente empolgante ver minhas palavras ganharem vida e eco no teatro, que é a minha casa! Mal posso esperar para dividir isso com o mundo”, empolga-se Luiza que, assim como Lara, tem um encanto com as fases, a luz prateada e a influência inexplicável da lua sobre a Terra – e sobre ela mesma.

“A internet de fato é muito rica e dá a sensação de completude, mas isso é uma ilusão. Pro adolescente, que têm uma percepção de mundo acelerada justamente por conta da rede e tende a se sentir mal compreendido pelo mundo, é preciso dar acesso à experiência mágica do teatro! Trazemos profundidade permeada por leveza, dinâmica e senso de humor, e é nossa meta convencê-los de que pode ser, no mínimo, interessante viver essa experiência – o resto a magia do teatro faz por si só”, acredita a atriz.

Assim como a Lua, a montagem é perpassada por fases, e Luiza tem na naturalização da ideia de ciclo um dos conceitos mais preciosos em seu texto. “Somos uma sociedade com tendências imediatistas, e a ideia de que algo termina para que algo novo possa começar nem sempre chega, fazendo os altos e baixos parecerem terremotos emocionais. Por isso, a trajetória da personagem segue as fases da lua e seus arquétipos: nova, nascimento; crescente, desenvolvimento; cheia, plenitude; minguante, morte – para que depois tudo possa recomeçar, como todos os aspectos da vida”, pontua a multiartista.

O fato de ter sido uma adolescente intensa colaborou na construção do texto e da cena. “Descrever essa montanha russa de emoções baseada nas fases da lua me fez lembrar da minha adolescente, que ainda vive em alguns lugares dentro de mim, e me fez abraçá-la por dentro. Todas as expectativas, sonhos e medos acompanham Lara, mas não a impedem de fazer seu movimento de independência, em busca da própria vida, iniciando sua jornada da heroína mundo afora. Legitimar tudo que ela sentia enquanto a ensino modos mais leves e bonitos de se viver. E é isso que gostaria, de coração, de fazer o público sentir ao assistir “Menina Lua” “, finaliza Luiza.

SERVIÇO:

Temporada: 1º a 25 de setembro

Apresentações: 5ª a sábado – 19h / Domingo – 18h

Apresentações com sessão de libras: 17 e 24 de setembro (sábado) – 19h

Local: Teatro II – SESC Tijuca (Endereço: Rua Barão de Mesquita, 539 – Tijuca)