O Brasil desperdiça a oportunidade de gerar 226 mil empregos e arrecadar R$9,9 bilhões em impostos ao manter a dependência na importação de produtos estratégicos de Defesa. O Observatório Nacional da Indústria, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), quantifica o impacto: a nacionalização de apenas um terço das importações impulsionaria o valor da produção em R$60,9 bilhões. Itens como mísseis, coletes balísticos e componentes aeronáuticos militares chegam ao país, reforçando a fragilidade tecnológica.
O Presidente do Conselho de Desenvolvimento da Indústria de Defesa e da Fiesc, Mário Aguiar, confirma a capacidade instalada do setor nacional para produzir radares, armamentos e aeronaves. Aguiar enfatiza o papel da compra pública de Defesa como instrumento estratégico para o desenvolvimento industrial, inovação (PD&I) e adensamento de cadeias produtivas. A compra pública funciona como um catalisador com vastos efeitos multiplicadores em toda a economia brasileira.
O Custo da Dependência e a Chave da Soberania Tecnológica
A CNI detalha a situação: mais de 90% das importações do setor possuem duplo uso, militar e civil, englobando telecomunicações, aeroespacial e cibersegurança. A nacionalização parcial diminui a vulnerabilidade externa em setores sensíveis. Este movimento promove um vigoroso estímulo à inovação e fortalece a soberania tecnológica do país. Danilo Severian, especialista em políticas e indústria da CNI, pontua os efeitos estruturantes sobre cadeias produtivas de alta complexidade. Historicamente, a política de inovação dos países mais desenvolvidos tem o setor de defesa como vetor central. Severian defende: a adequação das compras públicas para Defesa é um instrumento poderoso para elevar o patamar tecnológico do Brasil.
| Potencial da Nacionalização (30% das Importações) | Dados (Anual) |
| Geração de Empregos (Diretos e Indiretos) | 226 mil |
| Arrecadação de Tributos e Contribuições | R$9,9 Bilhões |
| Impacto no Valor da Produção | R$60,9 Bilhões |
| Importação Atual Média Anual | R$70,8 Bilhões |
Mão de Obra Qualificada: A Chave para a Soberania Tecnológica Defesa
A demanda por empregos gerada pela nacionalização de 30% exige alta qualificação técnica. O simulador projeta a criação de 123 mil vagas formais, com destaque para ocupações de ponta. Seriam 6,9 mil vagas inovativas, 2,4 mil em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), 5,3 mil para técnicos/tecnólogos e 1,2 mil para engenheiros. Severian avalia: este perfil reforça a capacidade do setor em atrair e reter profissionais qualificados, forjando competências estratégicas no país. O fortalecimento da base industrial de Defesa cria oportunidades de carreira em áreas de ponta e combate a evasão de talentos brasileiros para o exterior.
A CNI e o Ministério da Defesa debateram o Termo de Licitação Especial (TLE), uma modalidade de contratação pública para a aquisição direta de produtos estratégicos. Este procedimento, previsto na Lei nº 12.598/2012, prioriza a capacidade tecnológica nacional e a transferência de tecnologia. A manutenção do sistema e a logística são aspectos cruciais, visando garantir a segurança e a soberania nacional.
A dependência externa em Defesa é um risco existencial; ela expõe o Brasil a vulnerabilidades geopolíticas que se assemelham ao cenário de desamparo em Skyfall, onde a segurança nacional é terceirizada e falha. Investir na Base Industrial de Defesa (BID) não é apenas uma política econômica, mas uma ação cívica que projeta o Brasil como potência. O governo deve transformar a compra pública de um mero gasto em um investimento estratégico que reverta a drenagem de recursos e talentos, assegurando um futuro progressista e soberano.
