Porto do Açu (RJ) teve um um crescimento de 38,06%, atingindo 17,8 milhões de toneladas. Foto: Vosmar Rosa (MPor)
Atualizado em 30/11/2025 13:36

O setor portuário da Região Sudeste alcançou um marco histórico no terceiro trimestre de 2025, movimentando 186,7 milhões de toneladas entre julho e setembro. Este volume representa um aumento robusto de 9,1% na comparação com o mesmo período do ano anterior, sublinhando a expansão acelerada da infraestrutura marítima brasileira. A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) confirmou os dados, demonstrando que o avanço resultou do impulso decisivo dos Terminais de Uso Privado (TUPs) e do sólido desempenho nas exportações de petróleo e minério de ferro.

O recorde histórico de 186,7 milhões de toneladas no 3º trimestre de 2025 no Sudeste escancara a dicotomia entre a eficiência privada e a letargia pública na logística do Brasil. A predominância dos TUPs, que movimentaram 124,5 milhões de toneladas (+9,1%), contrapõe-se ao avanço modesto de 1,09% dos portos públicos, que somaram 62,2 milhões de toneladas. Este desequilíbrio exige uma ação imediata de política pública para integrar e modernizar a rede nacional.

Os TUPs registraram 124,5 milhões de toneladas movimentadas no trimestre, consolidando a performance do capital privado na logística nacional. Por outro lado, os portos organizados, sob administração pública, somaram 62,2 milhões de toneladas, elevando-se apenas 1,09% no período. Silvio Costa Filho, ministro de Portos e Aeroportos, interpreta o recorde como uma prova de gestão eficiente e de integração logística. Ele afirma que o crescimento, impulsionado pelos terminais privados, coloca o Brasil em um novo patamar de competitividade global por meio da modernização e da confiança do investidor.

A Chave do Crescimento Recorde Portos Sudeste: O Eixo Rio de Janeiro

O estado do Rio de Janeiro atuou como o epicentro desse salto logístico. O Terminal de Petróleo (TPET/TOIL), no Porto do Açu (RJ), cresceu 38,06%, atingindo 17,8 milhões de toneladas, o maior aumento percentual da Região Sudeste. Em seguida, o Terminal Aquaviário de Angra dos Reis (RJ) avançou 25,34%, totalizando 18,8 milhões de toneladas. A soma destes dois terminais respondeu pela maioria do aumento na movimentação de granéis líquidos.

Alex Ávila, Secretário Nacional de Portos, destaca que a infraestrutura responde à demanda do país e do mercado internacional. Ele reforça a importância de uma maior integração entre terminais privados e portos públicos. Ávila demonstra que a continuidade do crescimento sustentável e da expansão da competitividade reforça a necessidade de gerar empregos e colocar o Brasil em posição relevante no comércio global. No segmento público, o Porto de Santos (SP) manteve a liderança absoluta com 38,4 milhões de toneladas movimentadas, registrando uma alta de 2,68%. O Porto de Santos foi impulsionado pelo crescimento de 22,54% na cabotagem, especialmente no transporte de contêineres. Já o Porto de Itaguaí (RJ), especializado em minério de ferro, registrou 17,3 milhões de toneladas, com leve retração de 1,4% em comparação ao ano anterior.

O Contraste Público vs. Privado

A performance díspar entre a estrutura privada e a pública revela uma questão estrutural que transcende a mera gestão. O capital privado investe em expansão e agilidade, capitalizando o impulso das commodities brasileiras. Em contraste, a administração pública demonstra uma velocidade de reação mais lenta, limitando o potencial total da economia nacional. Esta situação remete ao clássico dilema de infraestrutura visto no filme Skyfall, onde o novo e o ultramoderno enfrentam a resistência do antigo e do institucionalmente arraigado. A capacidade do Brasil de sustentar este crescimento e traduzi-lo em benefícios sociais amplos depende de uma reforma que maximize a eficiência dos portos públicos. A solução progressista exige o investimento massivo em tecnologia e a adoção de modelos de gestão mais flexíveis, espelhando a agilidade dos TUPs. A integração deve ser técnica e administrativa, transformando a rede portuária em um sistema coeso e verdadeiramente competitivo.

- Publicidade -
JR Vital - Diário Carioca
Editor
Siga:
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.