Dólar em alta

Alta do dólar preocupa economistas sobre impactos futuros

Especialistas alertam para possíveis efeitos nos preços, juros e investimentos

A recente alta do dólar preocupa economistas quanto aos impactos futuros na economia brasileira.
A recente alta do dólar preocupa economistas quanto aos impactos futuros na economia brasileira. - Foto: Pixabay

Rio de Janeiro – A recente valorização do dólar tem gerado preocupações entre economistas, sinalizando um possível novo patamar da moeda americana. A cotação encerrou ontem em R$ 5,32, a mais alta do ano, com uma alta de 1,42%, acumulando um aumento de 9,72% em 2023.

O que você precisa saber

  • Cotação atual: Dólar a R$ 5,32, maior patamar desde janeiro de 2023.
  • Impactos: Preços ao consumidor, juros e investimentos.
  • Fatores: Emprego nos EUA acima das expectativas e declarações do governo.

Fatores que influenciam a alta do dólar

Ontem, a criação de 272 mil postos de trabalho nos EUA, acima das expectativas de 180 mil, pressionou o dólar. Esse dado sugere uma economia americana aquecida, levando o Federal Reserve (Fed) a adiar cortes de juros, refletindo nas decisões do Banco Central brasileiro.


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Reação do mercado

O dólar perdeu fôlego momentaneamente após o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmar que “o tempo vai jogar a favor” da redução de ruídos que elevam as expectativas de inflação. Porém, voltou a subir após a reunião do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com agentes de mercado.

Campos Neto e a inflação

— Alguns ruídos fizeram com que essa expectativa de inflação desancorasse. A gente acha que ao longo do tempo esses ruídos devem ser atenuados ou revertidos — disse Campos Neto em evento em São Paulo.

Impactos na economia real

A alta do dólar pode influenciar desde os preços dos alimentos até decisões de investimento. Produtos como trigo, leite e derivados podem ficar mais caros, afetando a cesta básica do brasileiro. O economista da XP, Alexandre Maluf, explica que o aumento dos preços pode demorar seis meses, mas já alerta para a inflação em 2025.

Setor industrial e agroindustrial

Indústrias de transformação, dependentes de importações, tendem a sofrer com o dólar mais alto. Já o setor agroindustrial, forte em exportações, pode se beneficiar de um real mais desvalorizado, já que sua receita é em dólar.

Pressão sobre investimentos

Roberto Padovani, economista-chefe do banco BV, afirma que a pressão cambial pode frear investimentos. Ele já trabalha com uma projeção de dólar a R$ 5,30 no fim do ano e destaca mudanças no equilíbrio econômico do país.

Perspectiva para 2025

O banco Itaú revisou sua projeção do dólar de R$ 5 para R$ 5,15 ao fim do ano, e para 2025, de R$ 5,20 para R$ 5,25, citando um ambiente externo desfavorável e aumento do risco geopolítico. A expectativa é que o Federal Reserve só reduza os juros em dezembro, enquanto a Selic no Brasil deve encerrar em 10,25%.

Sérgio Vale e o cenário fiscal

Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, afirma que o câmbio poderia estar entre R$ 4 e R$ 4,50, mas o cenário fiscal impede. A XP manteve a projeção de R$ 5 por dólar, enquanto a Warren Investimentos vê o câmbio a R$ 5 no fim do ano, destacando a balança comercial robusta e contas externas saudáveis.

Com informações de O Globo