Autonomia blinda BC de ingerências político-partidárias na condução da taxa de juros, diz economista

21 de fevereiro de 2023
Leia em 2 mins
autonomia-blinda-bc-de-ingerencias-politico-partidarias-na-conducao-da-taxa-de-juros,-diz-economista

Prestes a completar dois anos desde que foi aprovada no Congresso Nacional e sancionada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, a autonomia do Banco Central foi “passo importante para a melhoria das instituições no país e para evitar ingerências políticas” na condução da taxa de juros. É o que afirma a economista Deborah Bizarria, coordenadora de Políticas Públicas do Livres, uma associação civil suprapartidária.  

“A permanência da autonomia e independência do Banco Central significa que o Brasil está avançando na melhoria das instituições, tirando essas instituições ou pelo menos blindando-as um pouco mais da ingerência político-partidária, especialmente em época de eleições. Boa parte dos países desenvolvidos do mundo também tem bancos centrais independentes”, avalia. 

Bizarria diz que há exemplos, à esquerda e à direita, de como o protagonismo do Banco Central em relação à política monetária foi vantajoso para a economia do país. 

“Perto da eleição, o governo Bolsonaro fez grandes movimentações na área da política fiscal para aumentar os gastos e conceder benefícios de forma a garantir algum nível de popularidade para facilitar sua reeleição. Se além dessas ferramentas ele controlasse a taxa de juros, a gente teria um desequilíbrio ainda maior na política monetária e, possivelmente, estaríamos enfrentando uma inflação maior agora”. 

“Basta lembrar também, que, em 2014, a Dilma, juntamente com o então presidente do Banco Central, Nelson Barbosa, mantiveram a taxa de juros relativamente baixa ao que era esperado e, logo após a eleição, houve uma subida na taxa de juros”, completa. 

Equilíbrio Instituída em 2021, a autonomia dá ao Bacen liberdade para definir a taxa básica de juros da economia, a Selic, de modo que a inflação seja controlada e fique dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).  

Quando os preços estão subindo sem controle por causa do excesso de consumo, por exemplo, o Bacen tende a subir a Selic, já que juros elevados dificultam o acesso ao crédito pelas empresas e pelas pessoas, diminuindo a capacidade de investimento, a geração de empregos e, por consequência, o crescimento da economia. Com isso, espera-se que a atividade econômica recue e a inflação também. 

Por outro lado, se a economia está pouco aquecida, a instituição pode lançar mão de juros mais baixos para estimular os investimentos e o ciclo virtuoso de crescimento. 

O deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) diz que a autonomia do Banco Central foi “longamente debatida” no Congresso Nacional antes de ser aprovada. “Se consolidou numa decisão que teve ampla maioria na Câmara dos Deputados e no Senado também, e eu não vejo nenhum motivo para que ela deva ser alterada”. 

Presidente da Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo, o deputado diz que a liberdade conferida ao Bacen dá estabilidade à política monetária. “Se você exagera no controle e põe metas muito severas, você pode inibir o setor produtivo. De outro lado, se flexibiliza de qualquer forma, você pode levar a uma situação de descontrole e de frustração de expectativas quebrando uma das bases fundamentais que é a previsibilidade. Acho que a formulação que nós chegamos é uma formulação adequada”, analisa. 

Para seus defensores, a autonomia do Banco Central também passa pela não coincidência dos mandatos dos diretores e do presidente do Bacen com o mandato do presidente da República. Dessa forma, quando assume o cargo, o chefe do Executivo federal convive dois anos com membros escolhidos pelo presidente anterior e tem que esperar dois  anos para poder indicar o sucessor à frente da autoridade monetária. 

Campos Neto diz que é preciso ter “boa vontade com governo”, mas defende autonomia do Banco Central

Sem votos sobre inflação, primeira reunião do CMN faz balanço negativo do BC

Redacao

Equipe de jornalistas do Jornal DC - Diário Carioca

– Publicidade –

Mais Lidas

Authors

Newsletter

Banner

Leia Também

País acumula saldo de mais de meio milhão de empregos formais gerados nos dois primeiros meses de 2025: 576 mil. Arte: Secom / PR

Rio de Janeiro abre 31,9 mil novos empregos formais em fevereiro

Resultado foi positivo nos cinco setores…
O presidente Lula e o primeiro-ministro do Vietnã, Pham Minh Chinh, celebram acordo comercial entre os dois países – Foto: Reprodução

Lula abre mercado de carne bovina para o Vietnã

Acordo firmado entre os presidentes do…