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Recuperações Judiciais no Agro crescem mesmo com safra recorde

Mesmo com uma safra recorde e exportações em alta, o número de Recuperações Judiciais No Agro segue crescendo no Brasil.

Dados da Serasa Experian revelam que o setor registrou 565 solicitações apenas no primeiro trimestre de 2025, um aumento de 31,7% em relação ao mesmo período de 2024, quando houve 429 pedidos.

Em 2024, o total de solicitações chegou a 2.273, crescimento de 61,8% em comparação a 2023. O cenário contraditório — entre recordes de produção e aumento no endividamento — acende o alerta sobre a crise de liquidez e gestão financeira no agronegócio brasileiro.


Especialistas apontam causas estruturais

Durante o 1º AgroLegal Summit, realizado pela AASP (Associação dos Advogados de São Paulo) em 10 de outubro, especialistas discutiram os motivos do avanço das Recuperações Judiciais No Agro e os caminhos para enfrentar a crise.

“A Recuperação Judicial é um instrumento fundamental para a preservação de empresas, empregos e da própria dinâmica econômica do país”, afirmou Antonio Freitas, diretor da AASP e coordenador do evento.

O debate reuniu José Roberto Camasmie Assad, da Comissão de Direito do Agronegócio do IBRADEMP, e Caroline Vallerio Oliveira, especialista em resolução de conflitos e legal operations. Ambos destacaram que, apesar dos bons números de produção, o agronegócio enfrenta uma mudança estrutural no modelo de financiamento, com redução de subsídios estatais e maior dependência do mercado privado.

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Crédito rural bilionário e endividamento crescente

Segundo José Roberto Camasmie Assad, o financiamento privado ao agronegócio já ultrapassa R$ 1 trilhão, superando os recursos do Plano Safra 2025/2026, que disponibilizará R$ 516 bilhões. Ele explica que a ampliação do crédito privado trouxe novas vulnerabilidades ao setor.

“A renegociação entre as partes é o caminho de menor impacto para o credor. Para evitar o colapso, é preciso investir em mecanismos que antecipem o risco de inadimplência. Tratar a questão na origem é a única forma de evitar que o problema se torne um pedido judicial”, avaliou o especialista.

O aumento dos custos operacionais, a oscilação dos preços das commodities e a variação cambial também têm afetado o fluxo de caixa dos produtores rurais, tornando-os mais suscetíveis à inadimplência.


Crise de liquidez e juros altos pressionam o setor

A especialista Caroline Vallerio Oliveira reforça que o agronegócio enfrenta uma crise de liquidez e endividamento, impulsionada por uma combinação de fatores econômicos e políticos.

“Os principais contribuintes para essa crise são os juros elevados, tarifas internacionais altas, o ‘tarifaço do Trump’, margens de lucro pressionadas, oscilações climáticas, geopolíticas e o aumento no custo de insumos e transporte”, explicou.

Ela ressalta que, diante desse cenário, a gestão estratégica é essencial. “É preciso ter equipes especializadas em negociação, capazes de dialogar com bancos, tradings e demais credores. Mesmo dentro de um processo de Recuperação Judicial, a comunicação técnica e a confiança são determinantes para o sucesso do acordo”, concluiu.


Recuperações Judiciais no Agro expõem fragilidade financeira

O avanço das Recuperações Judiciais No Agro reflete um desafio estrutural: a falta de planejamento financeiro diante de um mercado global instável. Embora o Brasil siga como potência agrícola mundial, o aumento do endividamento mostra que o lucro recorde nem sempre se converte em sustentabilidade econômica.

O tema tem ganhado relevância entre juristas e economistas, especialmente por envolver segurança alimentar, empregos e estabilidade econômica nacional. A aposta de especialistas é em modelos de renegociação preventiva, combinando tecnologia de crédito, monitoramento de riscos e políticas públicas de incentivo à solvência rural.

Além disso, a crise escancara a necessidade de repensar a estrutura tributária e o papel do Estado no apoio ao pequeno e médio produtor — elo mais vulnerável da cadeia agroexportadora.


Caminhos para um agro sustentável e financeiramente saudável

Embora o discurso de que “o agro não para” continue forte, os números indicam que o crescimento produtivo precisa vir acompanhado de gestão estratégica e equilíbrio financeiro. O desafio é evitar que recordes de produção coexistam com recordes de insolvência.

Como recomendam os especialistas, prevenção, renegociação e transparência são as palavras-chave para um novo ciclo do agronegócio brasileiro — competitivo, mas também responsável e sustentável.


Helena Duarte
Helena Duartehttps://www.diariocarioca.com/
Jornalista especializada em política e economia nacional e internacional
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