Comportamento

“Adolescência”: Pedagoga explica por que os pais não podem mais adiar conversas difíceis

A série Adolescência, da Netflix, virou espelho do que acontece na vida real — e muitos pais ainda preferem não ver. Mariana Ruske, pedagoga e fundadora da Senses Montessori School, mostra por que evitar conversas difíceis pode colocar filhos em risco — e o que fazer, na prática, para protegê-los.
27 de março de 2025
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"Adolescência": Pedagoga explica por que os pais não podem mais adiar conversas
Cena de Adolescência - Foto: Reprodução

Depois de assistir à série Adolescência, da Netflix, muita gente ficou em choque. Mas, o que assusta ainda mais é que aquela história, que parece ficção, está mais próxima do que se imagina.

“A verdade é que aquilo pode acontecer com qualquer família. Mesmo com pais presentes e amorosos”, alerta Mariana Ruske, pedagoga e fundadora da Senses Montessori School.

A adolescência sempre foi uma fase turbulenta. Mas, hoje, ela acontece sob pressão — com excesso de estímulos, redes sociais 24h por dia, pornografia, discursos de ódio, influenciadores e um algoritmo treinado para viciar. “Os pais estão achando que os filhos estão seguros no quarto. Mas, é na tela que muita coisa começa a desmoronar”, diz Mariana.

Mariana Ruske | Pedagoga da Senses Montessori School
Mariana Ruske | Pedagoga da Senses Montessori School

Para ajudar pais e cuidadores a atravessar esse momento com mais clareza e segurança, Mariana lista 5 reflexões urgentes:
 

 1. Educação sexual começa cedo — e não tem nada a ver com erotização

Até os 9 anos, o foco é ensinar respeito ao corpo, limites e situações de risco. Isso protege a criança e a prepara para se defender — de abusos, bullying e até do papel de agressora. Na pré-adolescência, é hora de falar sobre consentimento, relacionamentos reais e diferenciar pornografia de realidade.
 

2. O algoritmo não tem empatia — mas os pais têm

Seu filho pode estar aprendendo sobre sexo e amor com vídeos violentos e distorcidos. E sobre autoestima com influenciadores que propagam ódio, racismo ou machismo. Fique atento ao que ele consome online e mantenha canais de conversa abertos.
 

3. A autoconfiança se constrói — não se entrega

Crianças superprotegidas ou elogiadas em excesso têm mais dificuldade de lidar com frustrações. Permita que seu filho enfrente desafios reais, sinta que é capaz, reconheça seu próprio esforço. Isso evita a busca desesperada por validação externa.
 

4. O exemplo fala mais alto do que qualquer conversa

Seu filho aprende sobre respeito, diálogo e convivência observando a forma como você se comunica e resolve conflitos em casa. “A adolescência é um espelho do que foi construído na infância — e da relação que foi cultivada”, lembra Mariana.
 


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5. Crie uma rede de apoio, não um campo de guerra

Conheça os amigos do seu filho e, sempre que possível, seus pais. Relações saudáveis ajudam a construir uma “microcomunidade” de segurança e pertencimento. Quanto mais forte essa rede, menor a chance de ele buscar aceitação em grupos radicais ou nocivos.

Se você é pai, mãe ou cuidador, talvez já tenha sentido aquele medo silencioso: “Será que estou conseguindo proteger meu filho do mundo lá fora?”. A resposta está dentro de casa. Começa no diálogo, no exemplo, na escuta e, principalmente, na coragem de enfrentar as conversas que mais assustam. Porque o maior risco não está no que é dito — mas no que nunca é falado.

Redacao

Equipe de jornalistas do Jornal DC - Diário Carioca

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