Dirigentes do Botafogo vão a Alerj debater tombamento da pista do Engenhão

Projeto estava na pauta desta quarta-feira e foi retirado para ser debatido em audiência pública marcada para o dia 14/09.

O presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), André Ceciliano (PT), e o deputado Chiquinho da Mangueira (SDD) receberam nesta quarta-feira (24/08) o presidente do Botafogo, Durcesio Mello, e integrantes da sua diretoria, para debater o projeto de lei que propõe o tombamento da pista olímpica de atletismo do estádio Nilton Santos, mais conhecido como Engenhão. Isto porque, o clube alvinegro deseja ampliar a arquibancada do estádio e, para tanto, seria necessário acabar com a pista interna, que margeia o campo de futebol. Na reunião, chegou-se ao entendimento de que para levar seu planejamento a frente, o Botafogo se comprometeria a construir uma nova pista no estádio Célio de Barros, num investimento de R$ 9 milhões, e a Alerj cogitou a possibilidade de repassar recursos do seu orçamento à Secretaria Estadual de Esportes para que sejam feitas melhorias na infreaestrutura do Célio de Barros, que faz parte do complexo do Maracanã.

Diante do que foi debatido, Ceciliano retirou o projeto de lei da pauta de votação desta quarta-feira – do qual é autor juntamente com Chiquinho – e anunciou a realização de audiência pública, possivelmente no próximo dia 14/09, para colocar o tema em debate. Já o presidente do Botafogo ficou de levar os termos do entendimento ao investidor da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) do clube, John Textor. O encontro contou também com a participação do superintendente da Secretaria de Esportes, Robson Caetano, ex-atleta e medalhista olímpico pelo atletismo brasileiro, do presidente da Câmara de Vereadores do Rio, Carlo Caiado, e do vereador Rafael Aloisio de Freitas (Cidadania), que acompanhará as discussões pela Câmara, juntamente com a Comissão de Esportes da Alerj.

“Retiramos o projeto da pauta para chamar audiência pública envolvendo toda a sociedade nessa importante discussão. Tenho certeza de que chegaremos a um bom termo em relação à única pista de atletismo olímpica que temos atualmente, no Engenhão, e que foi construída em 2007 para o Pan-Americano com dinheiro público. Vamos ter o cuidado para que os interesses privados não se sobreponham aos da coletividade. Desta forma, continuamos defendendo o Estado do Rio”, disse Ceciliano.

Satisfeito com o encontro, o presidente do Botafogo gostou do que ficou acordado: “Eu vejo um bom caminho e acho que o John Textor está inclinado a fazer essa parceria. Com relação à pista externa do estádio, eu não vejo problema em ceder para a comunidade do atletismo. Acho ótimo porque vai movimentar a região do estádio Nilton Santos”.

Robson Caetano endossou as palavras do presidente da Alerj. “A gente precisa de um pouco mais de tranquilidade para entender todos esses aspectos novos que envolvem a modernização do estádio Nilton Santos. Quando o Botafogo se instalou lá, ele assumiu uma responsabilidade para melhorar as condições para o futebol. Mas o atletismo também perdeu muito quando o Célio de Barros deixou de existir, e agora começam a cogitar a possibilidade de acabar com a pista do Nilton Santos. Tá na hora de nós começarmos a produzir mais atletas na base e abrir as pistas para que eles possam treinar e termos mais competidores fazendo parte das finais olímpicas, de jogos Pan-Americanos e campeonatos mundiais”, ponderou.

O deputado Chiquinho da Mangueira reforçou que não dá para acabar com uma pista olímpica de atletismo da noite para o dia. “O Rio de Janeiro sempre foi celeiro de grandes atletas, principalmente de velocidade, e isso acabou porque o Rio de Janeiro perdeu as pistas e a liderança do atletismo brasileiro. Estamos lutando para que isso não aconteça mais. A gente entende a necessidade do Botafogo, que quer fazer do Nilton Santos um estádio com o torcedor mais próximo da área de jogo, como um ´caldeirão´, mas também precisamos pensar no atletismo brasileiro”, comentou.

O vereador Rafael Aloisio defende um consenso para que o Botafogo e o atletismo sejam contemplados. “A gente entende que a questão do atletismo é importante para a cidade, mas há maneiras de se conseguir viabilizar um consenso no sentido de que se tenha outros lugares para competição. O Botafogo poderia ficar responsável pela pista Celio de Barros já que teoricamente se desfaria da do Nilton Santos. A audiência pública é uma oportunidade de a gente conseguir formalizar entendimento bom para todos”, argumentou