Abel Ferreira pede indenização de R$ 50 mil após ser chamado de 'colonizador'

O técnico português Abel Ferreira, do Palmeiras, entrou com duas ações por danos morais contra os jornalistas Mauro Cezar Pereira e Luis Augusto Simon, mais conhecido como Menon, nesta segunda-feira, na 17ª Vara Cível de São Paulo

O técnico português Abel Ferreira, do Palmeiras, entrou com duas ações por danos morais contra os jornalistas Mauro Cezar Pereira e Luis Augusto Simon, mais conhecido como Menon, nesta segunda-feira, na 17ª Vara Cível de São Paulo. Ele pede uma indenização no valor de R$ 50 mil em cada uma das ações por ter sido chamado de “colonizador” pelos profissionais.

Segundo os documentos aos quais o Estadão teve acesso, o treinador palmeirense também pede uma retratação pública dos jornalistas. Em caso de condenação, os valores das indenizações serão revertidos integralmente a organizações humanitárias de caridade.

As falas de Mauro e Menon, veiculadas respectivamente na Jovem Pan e no site UOL, também réus no processo por legitimidade passiva, aconteceram pouco depois da vitória do Palmeiras por 1 a 0 sobre o Cuiabá, pelo Brasileirão, em julho passado. À época, Abel Ferreira comentou sobre a decisão de colocar em campo Gabriel Veron, jovem atacante que havia se envolvido em um problema de indisciplina durante a semana.

“De longe, os melhores que eu já joguei (jogadores brasileiros), mas mentalmente têm muito que evoluir, muito, a nível de educação, a nível de formação enquanto homens. Também já o disse aqui, porque eles não têm essa formação, eles às vezes não têm noção do que estão a fazer, noção, noção nenhuma, não tem noção nenhuma e apostar na formação é isto”, afirmou o técnico.

Ao comentar a resposta, Mauro disse que Abel teve uma “visão de colonizador”. “Cara, esse papo não dá, esse papo é de colonizador, parece com Jorge Jesus, tem a mesma conversa. Então europeu não bebe, não faz bobagem, é todo mundo disciplinado. Na Europa não tem, não tem um jogador de futebol europeu, africano, americano, australiano, neozelandês, sei lá, ou aqui na América do Sul que vai para balada, que bebe, que faz uma bobaginha. Eu não gosto quando os portugueses vêm para cá com esse papo furado”, disse Mauro, acrescentando que o técnico “fala em tom professoral como se estivesse ensinando pra nós brasileiros como a gente deve se comportar.”

Por sua vez, Menon repetiu o tom do comentário em coluna intitulada “Abel Ferreira se comporta como José de Anchieta”, na qual escreveu que o técnico palmeirense tentava “ensinar, domesticar e colonizar” o povo brasileiro.

Em ambas as ações, o advogado do treinador argumenta que os jornalistas “ultrapassaram a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa”, sendo citada ainda a “paixão futebolística” dos profissionais por Flamengo (Mauro) e São Paulo (Menon), rivais do Palmeiras no cenário nacional. No processo, também é dito que as falas dos jornalistas “atingiram o íntimo da honra” do português, “visto que não se tratou do primeiro episódio de agressão sofrido pelo treinador.

Além das ações, Abel Ferreira entrou com duas queixas-crime contra os jornalistas esportivos pelos crimes de calúnia, injúria e difamação, baseadas no pelo artigo 61, da Lei 9.099/95 do Código Penal.

A reportagem procurou os dois jornalistas processados pelo treinador palmeirense. “O assunto está sendo tratado pelo meu advogado, não tenho que me manifestar, mesmo porque em momento algum ofendi a honra de alguém”, disse Mauro. Menon optou por não responder.