Conheça a história de Melânia Luz dos Santos, brasileira no Hall da Fama

A velocista foi uma pioneira na história do esporte olímpico brasileiro como a primeira atleta negra a integrar uma delegação brasileira nos Jogos Olímpicos de Londres-1948; nasceu em 1928 e morreu em 2016 deixando abrindo um caminho para gerações de mulheres negras no atletismo e no esporte

Melânia Luz dos Santos foi a primeira atleta negra a integrar uma seleção brasileira nos Jogos Olímpicos, na edição de Londres-1948. Participou de seis Campeonatos Sul-Americanos de 1947 a 1958, tendo subido ao pódio em seis eventos. Foi recordista sul-americana dos 100 m e dos 200 m. Melânia é a sétima representante do atletismo a integrar o Hall da Fama do Comitê Olímpico do Brasil (COB). Sua nomeação – ao lado de outros ídolos do esporte – foi comemorada em evento realizado pelo COB, nesta quinta-feira (18/5), em São Paulo.

Melânia também foi agraciada com o título de Emérita da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) “In Memoriam”, num reconhecimento importantíssimo de sua participação no esporte, quebrando barreiras, após apenas 60 anos da abolição da escravatura no Brasil.

A ida de Melânia aos Jogos de Londres, aos 20 anos, abriu caminho para as mulheres negras na história olímpica do Brasil: Wanda dos Santos, Aída dos Santos, Silvina das Graças, Esmeralda de Jesus e Conceição Geremias, entre outras, formaram o alicerce para as gerações seguintes.

Melânia Luz nasceu em 17 de maio de 1928, no Bom Retiro (SP), mas foi registrada duas semanas depois, em 1º de junho. Foi criada no bairro do Canindé, que na época abrigava a sede social e o centro de treinamento do São Paulo Futebol Clube. Era filha de um policial militar e uma dona de casa, torcedores fanáticos de futebol e do São Paulo – deles herdou a paixão pelo esporte.

Melânia pode representar – e bem – o valor do atletismo como um dos principais esportes de inclusão social e, principalmente, de reconhecimento da força da população negra numa modalidade tão importante, considerada por muitos a número um das Olimpíadas.

A atleta era orientada pelo alemão Dietrich Gerner e colega de treinamento de Adhemar Ferreira da Silva, no São Paulo FC, ainda no bairro do Canindé (SP). O alemão radicado no Brasil ficou famoso como técnico de Adhemar, bicampeão olímpico homenageado com duas estrelas douradas no escudo do SPFC.

Como atleta do clube há o registro da participação de Melânia no Campeonato Brasileiro de Atletismo de 1946 – foi campeã dos 200 m com 27.0 e ficou em segundo nos 100 m com 13.4. Com a seleção paulista, foram quatro títulos no revezamento 4×100 m, entre 1946 e 1953. Defendeu, além do São Paulo, o Tietê e o Floresta, atual Espéria.

Na seleção brasileira, no 4×100 m, Melânia formou equipe com Benedicta Souza Oliveira, Elizabeth Clara Muller e Lucila Pini. Foi o primeiro quarteto brasileiro feminino de revezamento em Olimpíadas. Ela correu os 200 m em 26.6, sendo a quarta colocada na primeira série eliminatória. O 4×100 m quebrou o recorde sul-americano, com 49.0, também na primeira série eliminatória.

Os treinos no São Paulo foram intensos até Melânia concluir o antigo colegial, com bolsa de estudos, em um colégio particular. Depois, conciliou trabalho com treinos. Se aposentou como técnica em exames do Hospital do Servidor Público. Perto dos 70 anos ainda disputou competições de veteranos – foi ao Mundial de Durban, na África do Sul, em 1997.

Melânia faleceu no dia 22 de junho de 2016, poucos dias após completar 88 anos, também na capital paulista, de acordo com a filha Maria Emília que sempre a acompanhou e que recebeu as homenagens feitas à mãe.

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