Família Corte Real estava cadastrada para receber auxílio emergencial da Caixa

Sari Gaspar Corte Real, a primeira-dama da cidade de Tamandaré, no litoral sul de Pernambuco, acusada pela morte de Miguel Santana, de cinco anos, filho de sua empregada Mirtes Renata, está cadastrada no Caixa Auxílio Emergencial, pago a pessoas em situação de vulnerabilidade social durante a pandemia do coronavírus.

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De acordo com o cadastro no Dataprev, o site para consulta do benefício, o pedido foi feito no dia 14 de maio e até o momento consta em análise. No entanto, não se pode afirmar que, de fato, a solicitação tenha sido feito pela primeira dama.

De acordo com a Caixa Econômica Federal, 10,2 milhões de pessoas estão com pedido em análise. Desse total, 5,2 milhões estão em primeira análise e 5 milhões em segunda ou terceira análise, quando o cadastro foi considerado inconsistente e a Caixa permitiu a contestação da resposta ou a correção de informações. Cerca de 59 milhões de benefícios haviam sido liberados e mais de 42 milhões negados.

A morte de Miguel vem trazendo a público informações até então secretas da família. Mirtes Renata e sua mãe Marta Souza, a avó de Miguel, constam como funcionárias públicas na Prefeitura de Tamandaré, administrada por Sérgio Hacker Corte Real (PSB), marido de Sari.  Mesmo realizando o trabalho de domésticas na casa da família e não exercendo qualquer atividade na prefeitura ou outro órgão público, os nomes das duas fazem parte da folha de pagamentos do executivo municipal desde 2017.

As informações estão no Portal da Transparência de Tamandaré. Na folha da prefeitura, consta o pagamento de um salário de R$ 1.517,57 até março de 2020 para a mãe e para a avó de Miguel. No entanto, nos dois últimos meses, abril e maio, o pagamento baixou para  R$ 1.093, 62, valor atual do salário mínimo. O Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE – PE) deu início às investigações na Prefeitura de Tamandaré, na tentativa de averiguar a possibilidade de outras fraudes.

Desde a semana passada, a Prefeitura de Tamandaré foi questionada pela reportagem sobre porque Mirtes e Marta constam na folha de pagamentos mas não houve retorno até o fechamento desta reportagem. A defesa de Sari Corte Real foi procurada para se posicionar sobre o cadastro no auxílio emergencial mas também não houve resposta.

Justiça por Miguel 

Na ultima sexta-feira (5) uma manifestação percorreu as ruas de Recife pedindo justiça para o caso. Os manifestantes saíram do Tribunal de Justiça de Pernambuco e caminharam até a frente do condomínio conhecido como “Torres Gêmeas” onde Miguel morreu ao cair do 9º andar após ser deixado aos cuidados de Sari Corte Real, que permitiu que a criança andasse sozinha de elevador. Flores em homenagem à Miguel foram depositadas na frente do condomínio.

Sari responde à acusação de homicídio culposo em liberdade após pagar uma fiança de R$20 mil. 

Fonte: BdF Pernambuco

Edição: Monyse Ravena e Raquel Júnia