Filipina diz que Nobel da Paz é "alento" para jornalistas do mundo

A filipina Maria Ressa, que ganhou com o russo Dmitry Muratov o Prêmio Nobel da Paz, afirmou neste sábado que a honraria é um "alento" para os profissionais de imprensa de todo o planeta, em meio a condições cada vez mais inseguras

Manila, 9 out (EFE).- A filipina Maria Ressa, que ganhou com o russo Dmitry Muratov o Prêmio Nobel da Paz, afirmou neste sábado que a honraria é um “alento” para os profissionais de imprensa de todo o planeta, em meio a condições cada vez mais inseguras.

“O Nobel da Paz colocou luz em como os perigos para exercer nossa profissão, não apenas nas Filipinas, mas em todo o mundo, aumentaram”, afirmou a cofundadora da empresa digital de jornalismo investigativo “Rappler”.

“O prêmio nos dá um alento aos jornalistas. Agora, podemos respirar e seguir adiante, com coragem, para contar nossas histórias”, completou Ressa, em declarações dadas a um grupo de agências internacionais de notícias.

O Comitê Nobel da Noruega, que anunciou os vencedores ontem, destacou seus os esforços da filipina e do russo “para salvaguardar a liberdade de expressão, que é uma pré-condição para a democracia e uma paz duradoura”.

Ressa ainda afirmou ter expectativa de que o Nobel também ajude que o público reconheça que “as redes sociais destroçaram a verdade”.

“Os algoritmos estão nos dividindo”, afirmou a profissional de imprensa, que criticou a falta de filtro para ‘fake news’ e mensagens de ódio em ferramentas como o Facebook.

Ressa foi vítima de diversos ataques nas redes sociais e também de perseguição na justiça, devido as denúncias contra a política antidrogas do governo das Filipinas, presidido por Rodrigo Duterte.

O regime do país asiático, inclusive, não emitiu qualquer comentário sobre o anúncio da jornalista como uma das vencedoras do Prêmio Nobel da Paz.

“Isso é o que acontece quando você cruza a linha e pressiona alguém”, afirmou a profissional de imprensa.

Ressa enfrenta sete processos na justiça, sendo acusada por sonegação de impostos e desrespeito às leis de propriedade de imprensa, tendo sido condenada em junho de 2020 por difamação em meios virtuais.

Por esse último caso, a jornalista pode ser sentenciada a uma pena de seis anos de prisão. O caso está em processo de apelação, e ela não sabe se será autorizada a viajar para Oslo, onde deverá receber o Nobel, no dia 10 de dezembro.

“Às vezes, brinco e digo que, realmente, poderia agradecer ao presidente Duterte por muitas coisas: me obrigou a definir minhas linhas, a reforçar a ideia dos meus valores, fez a Rappler ser mais idealista, melhor, mais rápida. Espero que saíamos mais fortes disso”, concluiu Ressa. EFE