A Assembleia Nacional da França aprovou, nesta quinta-feira (27), uma resolução não vinculativa que orienta o governo francês a se opor ao acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia.
A decisão, considerada estratégica antes das votações cruciais no bloco europeu previstas para dezembro, recebeu apoio quase unânime dos parlamentares: 244 votos a favor e apenas um contra — sendo este último atribuído a erro de votação pela própria deputada.
Apresentado pelo partido França Insubmissa (LFI), o texto solicita que o Executivo forme uma minoria de bloqueio no Conselho da União Europeia e acione o Tribunal de Justiça Europeu para verificar a legalidade do tratado.
Pressão sobre Macron cresce
O deputado Matthias Tavel (LFI) classificou o acordo como “mortífero” para a agricultura francesa e danoso às políticas climáticas da UE. Ele descreveu a decisão como “uma escolha de civilização” e defendeu que a França mantenha a máxima pressão sobre o presidente Emmanuel Macron neste momento decisivo.

O governo francês adotou novamente uma postura crítica. O ministro dos Assuntos Europeus, Benjamin Haddad, reafirmou que o acordo, tal como finalizado em 2024, é inaceitável em sua forma atual. Ele também destacou as conquistas recentes de Paris, como o reforço das cláusulas de salvaguarda obtidas em outubro junto à Comissão Europeia — mecanismo adicional de proteção contra impactos à economia francesa.
Contexto e impactos
A rejeição ao acordo Mercosul–UE mobiliza especialmente:
- Agricultores franceses, que temem concorrência desigual;
- Setores ambientalistas, que consideram o texto insuficiente para garantir controles climáticos;
- Deputados de múltiplos partidos, que enxergam riscos estruturais ao setor agropecuário europeu.
A resolução francesa, aprovada com ampla maioria, reforça o bloqueio político já existente dentro da União Europeia e dificulta ainda mais a consolidação do tratado antes do fim de 2025.
